Um projeto chamado Reflora está sendo responsável por repatriar 1,2 milhão de amostras da flora brasileira que foram levadas para a Europa. Baseado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o programa armazena, resgata e disponibiliza imagens como forma de salvar a flora do país para as próximas gerações.
As informações servem para garantir o uso sustentável e a preservação das espécies, segundo a coordenadora do programa Reflora, a servidora pública e pesquisadora Rafaela Campostrini Forzza. O Brasil abriga a maior flora nativa do mundo, e o projeto ajuda a preservar este título.
O Reflora também conseguiu confirmar que o Brasil abriga quase 47 mil espécies nativas de algas, fungos e plantas. Esses números são atualizados diariamente, em tempo real, em uma plataforma online de acesso público em português, espanhol e inglês.
O projeto começou em 2008, após o governo federal pedir à equipe do Jardim Botânico que elaborasse uma lista das espécies existentes no país com o objetivo de cumprir metas ambientais. A lista foi criada, mas era necessário ampliá-la.
“Precisávamos repatriar algumas espécies que estavam em museus fora do Brasil. Com o programa, conseguimos repatriar cerca de 1,2 milhão de amostras ao longo de dez anos”, conta Rafaela Forzza.
Embora muitas plantas tenham sido listadas, a maioria dos que fizeram esse trabalho eram naturalistas europeus que começaram a classificar as espécies nos séculos 18 e 19. Ao retornarem à Europa, levaram consigo muitas dessas plantas, que acabaram em museus e jardins europeus. Por isso, durante séculos, os naturalistas brasileiros precisaram cruzar o Oceano Atlântico para ver essas espécies.
De acordo com Rafaela Forzza, a repatriação dos exemplares é um grande passo para garantir a preservação e evitar a biopirataria. “A flora brasileira é extremamente rica e gigantesca. O projeto REFLORA conseguiu engajar os botânicos brasileiros”, afirmou.