Diplomatas argentinos ouvidos pela coluna afirmaram que Javier Milei atingiu seu principal objetivo na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro ao se colocar, em um primeiro momento, como empecilho à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza ou ao cumprimentar com distanciamento o presidente Lula no encontro.
Na condição de anonimato, eles afirmaram que o objetivo do presidente argentino era “roubar a cena” na reunião das principais economias do mundo, sinalizando para os conservadores ao redor do mundo que a Argentina será uma pedra no sapato do esquerdista brasileiro.
Na avaliação do corpo diplomático daquele país, Milei conseguiu isso, mesmo aderindo tardiamente à aliança contra a fome, que agora tem o endosso de 82 países e 66 organizações internacionais sob a liderança do Brasil.
Milei retrocedeu defendendo o capitalismo de livre iniciativa como única forma de acabar com a pobreza mundial, mas também como “o único sistema moralmente desejável”.
A demora em assinar o documento chamou a atenção da imprensa internacional, mesmo que de forma negativa, e a assinatura veio cheio de recados que parecem muito com o discurso trumpista. O cumprimento de forma fria, que também chamou a atenção, teria sido a cereja no bolo, mesmo com o legado deixado pelo Brasil e Lula na aliança contra a fome.