Uma parcela importante do corpo técnico do Itamaraty não está de acordo com a declaração de Lula comparando os atuais crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza — após o ato terrorista do dia 7 de outubro — com o Holocausto.
De acordo com um diplomata ouvido pela coluna, o Brasil parece viver um pesadelo, ao sair de um governo que dizia que o nazismo era um movimento de esquerda — uma inadmissível mentira da extrema direita rebatida veementemente pelo governo alemão — até o atual momento, em que o presidente erra ao fazer a comparação com o Holocausto.
A avaliação é a de que a paridade sobre uma questão tão sensível não foi o melhor caminho encontrado pelo presidente brasileiro. Saiu do tom considerado adequado e de críticas corretas e contundentes ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pelo assassinato de mais de 30.000 palestinos e a diáspora de outro 1 milhão deles.
Até o momento em que Lula mantinha a crítica ao ato terrorista do Hamas — sendo até mais firme em relação à reação de Israel, que impôs o horror ao povo palestino —, o corpo técnico acreditava que o petista estava correto. Aliás, o presidente faz isso há meses.
A distorção feita por Lula sobre o Holocausto, contudo, é vista como um erro que pode colocar a credibilidade internacional do país — e a do próprio petista — em xeque.
O temor agora, no Itamaraty, é o de que isso se agrave a ponto de ser comparado à gestão bolsonarista, vista como pária vergonhoso internacionalmente.