Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. O leitor deve estar pensando que eu escrevo este texto da mesa de bar, mas não. É do meu escritório mesmo. Ciro Gomes passou de todos os limites agora.
Uma coisa é o pré-candidato à presidência da República do PDT querer ser a voz da terceira via, contratar o ex-publicitário petista acusado de corrupção (que fez delação premiada, não esqueçam disso) e bradar “Nem Lula, Nem Bolsonaro”.
Mas dizer que o líder das pesquisas eleitorais do ano que vem, Lula – portanto, seu adversário – conspirou para a concretização do impeachment de Dilma Rousseff é demais. Passa de todos os limites.
“Eu atuei contra o impeachment, e quem fez o golpe foi o Senado Federal. Quem presidiu o Senado? Renan Calheiros. Quem liderou o MDB nessa investida? O Eunício Oliveira. Com quem o Lula está hoje? Hoje eu estou seguro que o Lula conspirou pelo impeachment da Dilma, estou seguro”, afirmou Ciro Gomes ao Estadão. Aliás, algo que ele não pode provar.
Lula lutou até o fim para evitar o impedimento de Dilma. Mas o Ciro – e quem acompanha Brasília nos últimos 20 anos sabe – é o rei da teoria da conspiração. É dele. Toda hora ele inventa uma nova teoria para tentar chamar os holofotes para si.
Disse neste espaço e repito. Nem João Santana conseguirá fazer Ciro virar a opção de centro – pedetista tem contra si temperamento explosivo e visão muito estatizante da economia.
Outro dia, presenciei Lula sendo bastante cortês com o seu antigo ministro, hoje rival: o petista disse ser grato pelo trabalho prestado pelo pedetista a ele e que o país nunca verá ele falando mal do pré-candidato.
Ciro é Ciro. Lula é Lula.