A confusão envolvendo as prévias do PSDB neste domingo, 21, deixou claro como o partido tem disputas internas profundas e que precisam ser resolvidas se a legenda pretende ter chances de concorrer com um nome à presidência do país em 2022.
Mas, além da bagunça criada pelos três candidatos das prévias, uma pessoa em especial mostrou sua incapacidade de colocar ordem na casa: Bruno Araújo, presidente do PSDB, não está sabendo se impor e exercer sua autoridade no cargo.
Por meio de um comunicado, Bruno Araújo tentou dizer que as energias dos integrantes do partido estão concentradas em possibilitar que todos consigam votar apesar da falha no aplicativo.
“Todas as nossas energias estão concentradas para você que ainda não votou escolha quem será seu candidato à presidência da República. Contem com o nosso total e absoluto empenho para concluirmos a votação o mais rápido possível”, escreveu.
Apesar da nota, o presidente do PSDB ficou devendo em eficiência e organização.
Desde a derrota vergonhosa de Geraldo Alckmin nas eleições de 2018, quando o tucano teve pouco mais de 4% dos votos, o PSDB vive uma verdadeira autofagia com briga de egos e autodestruição.
A legenda teve bons momentos em 2014, quando Aécio Neves quase ganhou de Dilma Roussef no segundo turno, mas depois disso os tucanos entraram em crise.
Desde que assumiu o governo de São Paulo em 2018, João Doria tenta tomar conta do partido, mas ainda tem Aécio como obstáculo.
Aécio, por sua vez, está rodeado de escândalos de corrupção e vai perdendo força dentro da legenda.
O racha já escancarado ganhou mais um capítulo depois da nota oficial assinada por João Doria e Arthur Virgílio divulgada após o fracasso das prévias.
O terceiro pré-candidato, Eduardo Leite, não assinou o comunicado com seus dois concorrentes. É claro que há uma divisão. Doria e Virgílio de um lado, Leite – apoiado por Aécio – do outro.
“Prolongar ainda mais o processo de prévias seria um desrespeito aos filiados tucanos e ao processo democrático”, escreveram Doria e Virgílio num claro recado a Eduardo Leite, que teria defendido que as prévias fossem adiadas para fevereiro.
No meio de toda essa bagunça, Bruno Araújo passa despercebido. Essa é a hora de o presidente do partido se posicionar ou pedir para sair.
Num momento decisivo para o PSDB, é preciso ter uma liderança que, de fato, tenha voz de comando e saiba como acabar com as crises internas antes que todo o partido se desfaça com isso.