A revisão da política brasileira na Amazônia para um modelo que privilegie o manejo sustentável da floresta tem o potencial de gerar US$ 1,5 bilhão por ano em receitas, e mais US$ 220 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os Estados amazônicos e de outras regiões. O número está em estudo publicado pela Chatham House, think thank sediado em Londres.
O grupo de pesquisadores foi liderado pelo brasileiro Ricardo Miranda Leitão, mestre em políticas públicas pela Universidade de Oxford e fiscal da Secretaria da Fazenda do Pará. Também participaram do estudo Anum Farhan, Alison Hoare e Thiago Uehara, que são da equipe da própria Chatham House.
A receita gerada, segundo Miranda, pode ser ainda maior. “Nossa estimativa é para receitas que podem ser obtidas se as áreas desmatadas fossem manejadas dentro da lei e de uma política sustentável. Não incluímos na conta, por exemplo, o eventual uso das áreas de florestas degradadas”, diz o pesquisador.
“Também só consideramos o que se pode ganhar com a madeira serrada, que é, hoje, o principal produto comercial das florestas no Brasil. Deixamos de fora produtos de maior valor agregado e reflexos positivos de tudo isso, como seriam a geração de empregos e desenvolvimento da região”, explica Miranda.
O estudo tem por base dados de 2019, quando foram desmatados 770 mil hectares da Amazônia, mesma área de metade de Portugal. Desse total, só 2,1 mil hectares foram desmatados com autorização. Outros 478 mil hectares foram desmatados em unidades de conservação e em terras indígenas – que não podem ser usadas para exploração econômica. Com isso, sobraram 293 mil hectares que foram desmatados sem autorização, mas que poderiam ser manejados sustentavelmente para produtos como a madeira.