Bolsonaro usa Dilma para amedrontar militares
Presidente tenta prever governo petista, mas erra feio
O presidente Jair Bolsonaro já começou seu jogo eleitoral há tempos e tenta, de todas as formas, desqualificar um possível novo mandato de Lula enquanto o petista lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.
Nesta semana, Bolsonaro fez mais uma jogada errada ao tentar amedrontar as Forças Armadas usando o nome da ex-presidente (também petista) Dilma Roussef.
Ao insinuar que Dilma poderia ser escolhida para comandar o Ministério da Defesa num eventual governo Lula, o presidente tenta puxar para si novamente o apoio dos militares que ele começou a perder depois de fazer inúmeras besteiras durante seu mandato.
Em 2018, durante a campanha que o tornou presidente da República, o apoio das Forças Armadas foi fundamental para Bolsonaro. Quatro anos depois, com a postura conflituosa e negacionista do presidente e o ataque repetido às instituições, alguns militares foram abandonando o barco. Desde os postos mais baixos até os oficiais de alta patente, muitos estão decepcionados com a forma como Bolsonaro comanda o país.
Uma prova recente dessa debandada veio do comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, que fez questão de negar que é bolsonarista durante entrevista à Folha de S. Paulo nesta semana. “Não sei de onde saiu isso. Esse clichê me foi colocado uma hora depois da minha indicação”, disse. Além de negar o título, o Comandante ainda afirmou que prestará continência a Lula ou a qualquer comandante supremo das Forças Armadas.
Um outro exemplo da decepção dos militares com o presidente é Otávio Rêgo Barros, ex-integrante do governo que agora escreve textos que deixam clara a sua insatisfação.
Além de errar ao afirmar que Dilma poderia ser Ministra da Defesa, já que o próprio Lula deixou claro que ela não terá qualquer participação em um eventual governo, Bolsonaro também falhou ao dizer que José Dirceu poderia ir para a Casa Civil.
Não faz qualquer sentido a afirmação do presidente. Lula jamais cometeria esse erro depois de todo o escândalo do mensalão. Se fizesse algo assim, o petista estaria se colocando numa situação de impeachment logo no início de uma possível gestão já que Dirceu não tem o traquejo ou diálogo que tinha em 2003.
Bolsonaro precisa mudar a estratégia se quer trazer os militares para perto novamente. Se continuar jogando com mentiras, só vai se queimar ainda mais e ver as chances de um novo mandato ficarem mais distantes.