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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Associação denuncia lawfare contra ex-gestor goiano

ABDJ pede anulação de mais de 1.200 processos administrativos por insistência em cobranças já julgadas improcedentes

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jun 2025, 20h35

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) ajuizou Ação Civil Pública em defesa do médico sanitarista, professor da Universidade Federal de Goiás e ex-secretário de saúde de Goiânia Elias Rassi Neto, denunciando uma campanha institucional de perseguição, com a atuação ativa do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) e do MPGO.

A ação, protocolada dia 7, está sob a relatoria da juíza Liliam Margareth da Silva Ferreira, da 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual.

A coluna revelou, em março de 2022, a longa batalha do professor Elias Rassi diante da chuva de ações judiciais e extrajudiciais contra ele, que se tornou objeto de estudo acadêmico e um caso típico de lawfare.

O documento da ABJD apresenta uma reconstrução dos fatos e revela que Elias Rassi foi submetido a um número inédito de processos administrativos — mais de 1.200, dos quais 1.097 foram abertos exclusivamente pelo TCM-GO, durante dois anos, período em que ele exerceu o cargo de secretário de Saúde de Goiânia, 2011 e 2012.

Esse número representa uma média superior a 1,6 processo por dia útil, com decisões automatizadas, fundamentação padronizada, ausência de análise individualizada e sem demonstração de dolo, má-fé ou dano ao erário.

Segundo a ABJD, a “avalanche processual” inviabilizou qualquer possibilidade real de defesa, configurando uma estrutura de saturação judicial planejada para desestabilizar o ex-gestor, causar desgaste público, prejuízos morais e inviabilizar sua atuação política e profissional.

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Esse movimento do TCM-GO gerou mais de 100 multas, além de diversas obrigações de ressarcimentos, somando, em valores de hoje, aproximadamente R$ 200 milhões de reais.

No rastro dessas decisões, o MPGO instaurou Inquéritos Civis Públicos (ICP) que viraram Ações Cíveis e Criminais. Elias Rassi foi inocentado pela justiça em todas essas ações.
“Essa não é uma simples controvérsia administrativa, mas um caso emblemático de lawfare institucional. A desproporção e a ausência de respaldo judicial nas cobranças revelam um uso distorcido das ferramentas de controle estatal”, afirma a ABJD.

Tribunal de Contas do Município

Os processos, mesmo julgados improcedentes ou arquivados pela Justiça, continuam sendo cobrados pelo Estado e pela Prefeitura de Goiânia, baseadas exclusivamente em acórdãos administrativos do TCM-GO, em uma sequência de erros apontados no documento. “Mesmo com a improcedência das ações judiciais, o ex-gestor continuou sendo processado e cobrado, em verdadeiro processo de destruição simbólica e patrimonial”, destaca o documento.

A ABJD aponta que os processos foram fundamentados de forma genérica, sem indicação clara de condutas, nexo causal ou provas de dano. Além disso, o ex-secretário teve o direito de defesa violado em diversas ocasiões, incluindo notificações em endereços errados, impedido de apresentar provas e não tendo sequer acesso completo à totalidade dos processos.

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O documento pontua que o Tribunal manteve cobrança decorrentes das contas anuais da Secretaria Municipal de Saúde que foram integralmente aprovadas pelo Conselho Municipal de Saúde e pela Câmara Municipal. “Ou seja, os órgãos locais de fiscalização e deliberação — legitimados, pluralizados e institucionalizados — reconheceram a regularidade da gestão no contexto técnico, orçamentário e político do município.”

Embora Ação Cívica Pública tenha sido definitivamente julgada improcedente, o TCM-GO exige a cobrança, e o professor universitário segue tendo o seu salário bloqueado. Ou seja, o município aprova as contas e, ao mesmo tempo, executa cobranças como se fossem rejeitadas. É um surrealismo lawferiano.

Casos emblemáticos

Entre os casos emblemáticos destacados no documento está o da Maternidade Dona Íris, no qual o Ministério Público arquivou investigações por ausência de irregularidades. A maternidade está em pleno funcionamento, mas o TCM-GO insistiu em responsabilizar Rassi pelo valor total da obra, mais de R$ 12 milhões.

Outro caso envolve o contrato para a manutenção de ambulâncias, no valor de R$ 8 milhões, no qual o Tribunal inicialmente reconheceu a legalidade da licitação, mas depois, inexplicavelmente, voltou atrás, gerando cobrança de R$ 24 milhões ao ex-secretário.

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O contrato com a Santa Casa de Misericórdia também foi alvo do MPGO. Após longas investigações, sindicância da própria Secretaria Municipal de Saúde e decisão da Justiça (Processo: 5127849-26.2016.8.09.0051 “haja vista a ausência de ato de improbidade, de conduta dolosa, de vantagem patrimonial ou dano ao erário”) reconheceram a legalidade do convênio e a ausência de dano ao erário, mas ainda assim Rassi foi mantido como réu em ações de cobranças derivadas.

O documento da associação cita jurisprudências do STF e STJ em que a Justiça conclui pela inexistência de dolo, fraude ou prejuízo ao erário em uma Ação Criminal e em Ação de Improbidade Administrativa.

A ABJD argumenta que o TCM-GO, ao insistir em sanções sem respaldo judicial, violou diversos princípios constitucionais, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e devido processo legal. A petição pede que a Justiça reconheça a nulidade dos atos administrativos praticados, suspenda as execuções em curso e determine reparações por danos morais e materiais a Elias Rassi.

“Trata-se de um caso típico de lawfare institucional, como descrito pela doutrina jurídica: a manipulação de normas legais para deslegitimar e destruir adversários sob o pretexto de legalidade formal”, afirma a ação.

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