Dois dos principais assessores de Sérgio Moro no Ministério da Justiça acreditam que ele deixa o posto ainda nesta sexta-feira (24), após a confirmação da demissão de Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. A crença se deve principalmente às conversas com o ministro na noite desta quinta (23), quando Moro foi categórico em dizer que não permaneceria sem o fiel escudeiro na PF. E também aos conselhos que deram ao ministro sobre seu “legado”.
Moro e Valeixo têm uma relação de confiança que remonta aos momentos mais tensos da Lava Jato, quando o ministro comandava com mão de ferro os processos da Operação e o policial, as investigações do caso.
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Clique e AssineAinda que teoricamente a exoneração de Valeixo tenha sido registrada “a pedido” no Diário Oficial da União (DOU), o presidente Jair Bolsonaro tornou a permanência dele insustentável. Na cúpula da PF, Moro era descrito já há alguns meses como o escudo de Valeixo no cargo, já que o presidente queria a sua saída no ano passado.
A única forma de Moro permanecer seria poder indicar, segundo esses assessores, o sucessor de Valeixo, o que parece impensável após a queda de braço travada com Bolsonaro pela permanência do agora ex-diretor da Polícia Federal. Essa possibilidade tem menos chance de ocorrer.
A saída de Maurício Valeixo – e, possivelmente, a de Moro nesta quinta-feira (24) – ajuda a dar mais força ao acordo que Bolsonaro tem feito com integrantes do Centrão no Congresso Nacional.
O presidente beijou a mão de Valdemar da Costa Neto e recebeu apoio público de Roberto Jefferson, isso sem contar as negociações em andamento com o PP, partido com mais condenações na Lava Jato. Outros ameaçados por investigações também têm frequentado o Palácio do Planalto
Se Moro permanecer com todos esses sinais, depois de ter colecionado algumas importantes derrotas em 16 meses nas áreas da Justiça e da Segurança Pública, será a rendição completa ao que sempre condenou à frente da Lava Jato.