O cenário mais provável para este domingo, 22, é a de que a eleição na Argentina leve ao segundo turno o candidato da extrema-direita, Javier Milei, e um dos dois candidatos que chegaram nessa competitiva reta final: Sergio Massa, do peronismo, e Patricia Bullrich, da direita tradicional do ex-presidente Maurício Macri.
Poucas pesquisas dão a possibilidade de que Milei ganhe no primeiro turno. Portanto, mesmo sendo um cenário menos provável, não está descartado.
Tendo segundo turno, a Argentina tem a chance de evitar o histriônico Javier Milei – com sua plataforma confusa e suas manipulações da palavra “liberdade” para tentar esconder que ele é da safra de políticos na qual se insere Jair Bolsonaro: atentam contra as instituições democráticas, uma vez eleito.
Se Massa ou Bullrich conseguirem avançar ao segundo turno, seja qual for o resultado de hoje, pode-se ainda evitar esse pulo no escuro. Para isso, o peronismo e a direita tradicional não podem continuar desunidos ou sem a noção do risco que corre o país. Caso mantenham a toada dos últimos meses, o segundo turno está dado.
No Brasil de 2018… foi esse o enredo: a direita tradicional e a centro-direita apoiaram Bolsonaro e assumiram esse risco de um extremista no poder.
Dada a alergia que a direita democrata na Argentina tem do peronismo, o grupo de Bullrich pode correr para Milei achando que, assim, vão “moderar” o extremista. Dada a inflexibilidade política do peronismo, dificilmente eles aceitarão apoiar outro grupo.
Essa realidade nos levará ao pior cenário bem definido pelo clássico da música popular, muito conhecido, composto para a ópera “Evita”, por Andrew Lloyd Webber e Tim Rice: “Não chore por mim, Argentina”.
No caso, se poderá dizer “Chore por ti, Argentina”.