A distribuição de recursos públicos do fundo eleitoral para candidatos indígenas em 2022 envergonha completamente o país – seja à esquerda ou à direita, seja no partido de Lula ou no de Bolsonaro.
É realmente chocante!
Levantamento dos jornalistas Dimitrius Dantas e Felipe Gelani publicada neste fim de semana mostra que os candidatos indígenas que mais receberam fundos eleitorais para suas campanhas são o senador Hamilton Mourão, vice-presidente de Bolsonaro, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e o ministro da Assistência Social, Wellington Dias.
Ora, evidentemente que nenhum dos três é um candidato indígena de fato.
Joenia Wapichana, que não figura no topo da lista de recebedores, é uma candidata indígena, assim como Célia Xakriabá.
Hamilton, Jerônimo Rodrigues e Wellington Dias, não.
E por que elas são e eles não?
Eles podem ter sangue indígena, mas não são candidatos indígenas. Um candidato indígena representa uma comunidade dos povos originários, caso de Wapichana e Xakriabá. É por representatividade.
O Brasil é esquisito demais.
Já teve partido da mulher presidido por homem, dinheiro para candidaturas femininas usado para mulheres e filhas de políticos conhecidos só para elas serem, ao fundo, representantes daquele clã.
Mas gastar parte considerável de R$ 33 milhões direcionados a candidaturas indígenas em 2022 com esses três nomes eleva a esquisitice para sem-vergonhice mesmo. Ou… falta de pudor, a velha indecência da política brasileira.