A união improvável entre Lula e Moro
Os dois são vítimas de fake news que tentam manipular voto dos evangélicos
O cenário criado por bolsonaristas viciados em fake news gerou uma união improvável: Lula e Moro têm sido vítimas de notícias falsas que tentam manipular o voto dos evangélicos.
Agora, os dois agem para combater as mentiras de quem apela para o que for preciso para conseguir mais votos para Jair Bolsonaro.
De um lado, o ex-presidente Lula tem tido falas modificadas e divulgadas sem nenhuma responsabilidade. Um áudio encaminhado com frequência em serviços de mensagens mostra o petista dizendo: “eu estou falando com o demônio e o demônio está tomando conta de mim”. É mentira. Lula não disse isso.
A frase foi manipulada para ser enviada aos evangélicos como uma forma de convencê-los de que Lula não deve ser uma opção de voto em outubro. Na verdade, a fala do ex-presidente era exatamente o oposto. Ele alertava sobre as fake news espalhadas por bolsonaristas.
“E nas redes sociais do bolsonarismo eles estão dizendo que eu tenho relação com o demônio, que eu estou falando com o demônio e o demônio estava tomando conta de mim”, diz Lula, no áudio verdadeiro.
Para tentar conter o avanço das mentiras, o PT lançou um podcast para falar com a igreja.
O empenho dos bolsonaristas em queimar o ex-presidente aumentou depois que pesquisa do Datafolha mostrou, em dezembro, que 43% dos evangélicos acredita que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. O número é mais do que o dobro dos 19% que escolheram Jair Bolsonaro.
Do outro lado, Sérgio Moro também sofre perseguição desde que deixou o cargo de Ministro da Justiça e foi taxado como traidor por bolsonaristas. O ex-juiz tem sido vítima de fake news nas redes sociais e também já foi atacado por líderes evangélicos, como Silas Malafaia, que chamou Moro de “judas” em transmissão ao vivo no mês de janeiro.
Para tentar conter os ataques, Moro divulgou carta aberta nesta segunda, 07, se posicionando contra o aborto, condenando a sexualização precoce de crianças e fazendo um aceno às igrejas.
“Prestigiaremos o papel constitucional das igrejas, desestimulando exigências restritivas desproporcionais e garantindo benefícios, como a imunidade tributária”, escreveu o pré-candidato à presidência pelo Podemos.
Tanto Lula quanto Moro precisam do socorro das plataformas para banir as mentiras e da vigilância da Justiça Eleitoral em um ano decisivo para o país. O descontrole de grupos fanáticos por Bolsonaro precisa ser contido. E a melhor forma de fazer isso é tirar Bolsonaro do poder.