Onze dias após dar uma declaração que gerou uma crise diplomática sem precedentes com Israel, Lula finalmente começou a medir as palavras sobre os crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza em resposta ao ataque terrorista do Hamas do último 7 de outubro.
Não que tenha pedido desculpas, mas é um começo.
“Todo mundo sabe que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todo mundo sabe que o Brasil é contra o que está acontecendo na Faixa de Gaza, da mesma forma que fomos contra o ato terrorista do Hamas, e todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer ter contencioso com nenhum país do mundo”, afirmou o presidente brasileiro nesta quinta, 29, na Guiana, com um baita “contencioso” no Oriente Médio.
Lula não citou Israel desta vez e voltou a condenar o “ato terrorista do Hamas”, enfatizando que o Brasil não quer problema com nenhuma região do planeta. “O Brasil quer paz, quer prosperidade, quer crescimento econômico e quer melhoria de vida do nosso povo”, completou.
O mandatário é hoje considerado persona non grata (o único brasileiro a conseguir esse título) pelo governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu, que faz uma campanha contra o petista, também há onze dias, de forma totalmente despropositada e desrespeitando todas as regras diplomáticas.
Nesta quarta, 28, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, voltou a criticar o presidente brasileiro, publicando um meme em suas redes sociais para exigir mais uma vez um pedido de desculpas.
É que, no dia anterior, Lula tentou jogar panos quentes na crise diplomática (criada por ele mesmo) de uma forma não muito sábia, saindo pela tangente ao dizer que não usou a palavra Holocausto na comparação.
Não usou, mas falou o seguinte no dia 18 de fevereiro na Etiópia: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. Não é a palavra Holocausto, mas é a mesma coisa.
Katz, que humilhou o embaixador brasileiro no Museu do Holocausto, não deixou barato: “Lula, você […] ofendeu a memória de 6 milhões de judeus assassinados no Holocausto. Não vamos esquecer, nem perdoar. Envergonhe-se e peça desculpas”.