Luiz Inácio Lula da Silva vive uma situação inédita desde a redemocratização: não sabe para onde vai após a posse no dia 1º de janeiro.
É o que afirmam seus principais aliados em Brasília.
Vítima de uma transição vergonhosa na qual o atual presidente não admite a derrota, o presidente eleito teve que assistir da janela de um hotel em Brasília os vândalos bolsonaristas queimarem parte da cidade.
Pois o Brasil nem sempre foi assim.
Há 20 anos, Lula preparou uma costela assada na Granja do Torto, que havia sido cedida a ele antes mesmo de sua primeira posse, para receber o presidente da República ainda em exercício, Fernando Henrique Cardoso.
Civilizadamente, os dois adversários políticos jantaram e posaram para as fotos. Era o dia 29 de dezembro de 2022. No dia 1º, FHC passou a faixa presidencial para Lula, que assumiu o mandato como inquilino da Granja.
Neste dezembro de 2022, Jair Bolsonaro, 45 dias após as eleições, não fez nenhum gesto do tipo – isso, mesmo após encontros entre integrantes do seu primeiro escalão com o da próxima gestão na qual essa situação foi exposta.
É mais um ato antidemocrático do atual presidente.
Neste fim de ano a Granja do Torto continua sendo ocupada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. E nenhum imóvel do governo foi colocado à disposição de Lula. Rigorosamente nenhum.
Não se iniciou qualquer processo de mudança de inquilino. E, mesmo se for realizado de última hora, serão necessárias medidas de segurança como varreduras por escutas, já que se trata do atual governo da extrema direita.
É aquela hora que se vê que o Brasil andou para trás mesmo. Regrediu. E Lula pode terminar o primeiro dia de trabalho, no 1º de janeiro, sem casa para morar. E tendo que voltar para um hotel como na capital do país, mesmo como presidente da República no exercício do mandato.