O presidente Jair Bolsonaro faz de tudo para não ser investigado pela Polícia Federal. Apesar de gritar aos quatro cantos que é contra a corrupção e afirmar que nunca fez algo de errado, o presidente troca constantemente a chefia de áreas estratégicas da PF para tentar escapar de investigações.
Revelação de Marcelo Rocha em reportagem no jornal Folha de S. Paulo da última sexta, 4, mostra que o governo vai mexer na corporação mais uma vez. Pela quarta vez dentro desse mandato, a Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção vai ter um novo chefe.
O departamento é extremamente sensível e responsável por cuidar de inquéritos contra políticos e, principalmente, contra o presidente da República. Na visão de quem está dentro da PF, o jogo do governo é desestabilizar os trabalhos dos policiais.
Essas mudanças constantes em cargos de comando na PF têm muito a ver com a insatisfação de Bolsonaro por não conseguir manter um diretor-geral que agrade o governo. A vontade do presidente sempre foi colocar Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF.
Mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a nomeação e, desde então, Bolsonaro tenta encontrar um nome que possa seguir seus comandos de forma integral.
Atualmente, a PF tem como diretor-geral Márcio Nunes de Oliveira, o quinto escolhido desde o início do governo Bolsonaro.
Tantas mudanças só confirmam o que o ex-ministro e agora presidenciável Sergio Moro disse ao sair do cargo no governo: Bolsonaro interfere na PF sim.
Se o presidente não tivesse mesmo nada a esconder, não deveria estar tão incomodado com a diretoria de combate à corrupção. Como não consegue interferir no trabalho dos delegados, que possuem autonomia na função, o governo tenta mexer nos cargos de chefia para ver se consegue influenciar nos inquéritos e nas operações da polícia.
Em ano eleitoral, é importante observar a conduta desse governo. As trocas constantes mostram um sinal claro de manipulação e uma tentativa de evitar que a PF vá a fundo em investigações que podem complicar a vida do presidente que tenta ser reeleito.