O presidente Lula quis usar sua experiência de anos como governante neste terceiro mandato para tentar se consolidar como player global nas negociações de conflitos de todos os tipos ao redor do mundo. Mas é a América Latina que exige toda a atenção do governo nos últimos meses.
Após a crise da Venezuela com a Guiana, na qual a gestão petista teve que dizer claramente para Nicolás Maduro que não aceitaria a passagem das forças militares pelo território brasileiro em direção à Essequibo, o conflito diminuiu de intensidade.
Ocorre que os problemas não acabaram por aí.
Há alertas de confrontos entre as forças do estado e opositores na Argentina com o agravamento das crises econômica e política. E, agora, surge o descontrole na segurança no Equador, que tem instituições bem mais fracas que as brasileiras.
Guayaquil vive uma escalada de violência com o presidente equatoriano, Daniel Noboa, baixando um decreto em que reconhece a existência de um conflito armado interno no país. Na prática, o que ele está dizendo é que reconhece uma guerra civil.
Um dos tristes dados desse contexto vivido no Equador é o mesmo do Brasil: o crime organizado ficando cada vez mais forte. O país governado por Lula deve olhar o Equador como um alerta contra o crime organizado em solo nacional. Mas a gestão petista decidiu colocar a Polícia Federal brasileira à disposição para ajudar a combater criminosos equatorianos.
Isso é um problema porque, na verdade, temos hoje várias crises internas. Facções brasileiras entraram e já estão atuando fortemente na Amazônia – isso sem contar a atuação antiga no Rio de Janeiro em que parte do território está sob domínio do crime organizado.
O presidente já estava sendo criticado por excessivas viagens internacionais. Agora, devem surgir novas desaprovações com a decisão de colocar a PF à disposição do Equador enquanto no Brasil vê situações semelhantes em estados do Norte, Nordeste e Sudeste.