Prefeitos gaúchos relatam a VEJA ‘cenário de guerra’ com as chuvas no RS
Prefeita de Pelotas falou dos preparativos para chegada da enchente à cidade e gestor de São Leopoldo contou que teve sua própria casa tomada pela inundação
Os prefeitos de três cidades atingidas pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul participaram nesta terça-feira, 7, do programa Ponto de Vista, de VEJA. Paula Mascarenhas (PSDB), de Pelotas, Ary Vanazzi (PT), de São Leopoldo, e Germano Stevens (MDB), de Imigrante, falaram da situação dos municípios que já foram afetados pelas enchentes e outros que ainda correm o risco.
Mandatária de Pelotas, que fica mais ao Sul do estado e beira o Canal de São Gonçalo, falou sobre os preparativos para a provável chegada da enchente. “Nós estamos tendo uma oportunidade, porque sabemos que vamos ter um momento crítico climático, mas tivemos tempo, porque sabíamos essa água que está na região metropolitana, no centro e no norte do estado desceria pro mar. Então pudemos começar um trabalho já há alguns dias nas áreas mais críticas, retirando pessoas das suas casas, organizando abrigo pra acolher essas pessoas e monitorando, acompanhando estudos feitos pelas universidades”, afirmou.
“Hoje ainda vivemos uma situação dentro do controle, com água já subindo, mas ainda sem desespero ou pânico porque os ventos estão favoráveis. Temos um tempo, mas esse tempo vai virar. Como isso vai acontecer a partir de amanhã nos temos a oportunidade de orientar as pessoas a deixarem suas casas com calma”, acrescentou.
Já o chefe do Executivo de São Leopoldo, que teve a casa onde mora há quarenta anos tomada pela água, disse que essa “foi a maior tragédia” que já viveu. Ele contou que alertou a população oito dias antes do início das chuvas e que, com isso, conseguiu sair ileso junto à família, mas sem tempo de salvar móveis. “Nós estávamos alertando a população porque a gente conhece como é que funciona o rio, como é que funcionam as enchentes. E como nós vimos toda a programação da climatologia, oito dias antes começamos a falar, alertar sobre isso à população”, contou.
“Quando a chuva chegou, a minha mulher e as duas crianças saíram da casa. Eu sai também da casa com a roupa do corpo e eu esqueci de levantar os móveis ou coisa parecida. Quando eu me dei conta, eu já tinha a casa alagada. E eu perdi tudo, não sobrou nada. Ali está toda minha vida, toda minha história. É muito triste, eu nem quero me lembrar e nem sei como é que vou voltar pra casa. é uma situação dramática”, completou Vanazzi.
Germano Stevens, que comanda a cidade de Imigrante, contou que algumas famílias ainda estão isoladas na região “porque o deslizamento de terra foi muito grande”. O político afirmou que várias equipes tentam “desobstruir os acessos” e que a gestão pensa até na “possibilidade de ter que abrir uma nova estrada”, mas que isso “é um trabalho muito difícil de fazer”.
“Na região do Vale do Taquari ainda há muitos desaparecidos. No meu município nós não temos a informação ainda que nós tenhamos tido mortes, mas municípios vizinhos tiveram, sim, óbitos. É um cenário de guerra, é um cenário que, conversando com as pessoas de idade na rua, nunca foi visto nada igual”, finalizou o mandatário.
Até o momento, as chuvas já deixaram 90 mortos e 132 desaparecidos na região. O governo federal decretou estado de calamidade pública, assim os recursos podem ser agilizados para as acoes de resgate, ajuda e reconstrução das regiões afetadas pelos temporais.
Sobre o programa
O programa, apresentado por Marcela Rahal, também vai abordar as principais notícias do dia com o editor de Radar, Robson Bonin.
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A entrevista é transmitida simultaneamente no YouTube e na home de VEJA, e para os inscritos no canal de VEJA no WhatsApp.
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