O presidente Lula está “100% engajado” nas negociações sobre a situação eleitoral na Venezuela, segundo um diplomata ouvido pela coluna. O petista pretende se encontrar com os presidentes da Colômbia e do México para tentar algum avanço em relação à publicação das atas que comprovem a reeleição de Nicolás Maduro.
Na última segunda-feira, 29, o Conselho Nacional Eleitoral anunciou a vitória do atual presidente no pleito. A oposição, liderada pelo candidato Edmundo González, afirma que venceu por 4 milhões de votos a mais, de acordo com atas que foram recolhidas manualmente.
O Brasil ainda não reconheceu a eleição de Maduro. Por outro lado, países como os Estados Unidos anunciaram a eleição de González, mesmo sem auditoria.
A demora na divulgação dos boletins, no entanto, tem incomodado o governo brasileiro, que se coloca como um mediador da crise venezuelana. Mais de vinte pessoas já morreram nos protestos, centenas ficaram feridas e cerca de 2.000 manifestantes foram presos pelo ditador.
A líder da oposição María Corina Machado agradeceu ao presidente Lula pelo empenho na negociação para que as atas das seções eleitorais sejam publicadas. O governo brasileiro tem sido cauteloso na questão, para que o diálogo com Maduro não se inviabilize, e, ao mesmo tempo, tem feito acordos para que as embaixadas de países que se opõem ao regime chavista sejam representadas pelo Brasil, como nos casos de Argentina e Peru, que tiveram que retirar seus embaixadores.
Lula e Maduro são antigos aliados, mas o governo tem procurado se distanciar desse papel até que a situação seja esclarecida. O presidente agora sabe o risco real que corre ao não se dissociar da imagem de um ditador. O problema é o tempo, já que Maduro não dá sinais concretos de quando vai divulgar os dados que comprovem a sua reeleição.