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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Tarcísio tem estreia tensa em cargo eletivo, mas saldo do ano é positivo

Governador enfrentou crises com articulação política, tragédia no litoral e violência policial, mas aprovou privatização da Sabesp e reforma administrativa

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 18h16 - Publicado em 27 dez 2023, 13h23

Ao fim de seu primeiro ano de mandato — e a sua estreia em um cargo eletivo –, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) encerra 2023 com um saldo positivo à frente do maior estado do país. Embora tenha tido dificuldades de articulação para consolidar a própria base governista no Legislativo, o ex-ministro conseguiu aprovar medidas importantes, como a autorização para a privatização da Sabesp e a reforma administrativa do funcionalismo estadual.

Ao mesmo tempo, ele procurou afastar-se do bolsonarismo radical e das chamadas pautas ideológicas e adotou postura amistosa em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O gesto, embora tenha sinalizado uma disposição de diálogo com o Executivo federal — sobretudo em um momento em que o governo abre o cofre para projetos de grande visibilidade nos estados, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) –, também transformou Tarcísio em alvo direto do fogo amigo do séquito bolsonarista.

As relações com o núcleo fiel ao seu padrinho político, Jair Bolsonaro, prometem ser acirradas ao longo de 2024: além do apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) — que por si só causou celeuma em uma ala do PL, apoiada pelo ex-presidente, que defendia nome próprio à disputa –, o entorno de Tarcísio também pleiteia a vaga de vice na chapa do atual prefeito de São Paulo. A disposição de peças no tabuleiro político no próximo ano deverá ser crucial para a disputa nacional em 2026.

Relembre alguns dos principais momentos de Tarcísio em seu primeiro ano no cargo.

Atos antidemocráticos

Logo após o quebra-quebra do 8 de janeiro, em Brasília, Lula chamou os governadores para uma reunião de emergência. O encontro já estava marcado antes dos atos. Tarcísio inicialmente recusou o convite, mas acabou indo. O encontro, que reuniu os 27 mandatários de todas as unidades da federação, teve como mote a condenação à tentativa de golpe, a defesa à democracia e a volta da normalidade político-institucional no país. Tarcísio foi criticado por bolsonaristas — grupo que, sabe-se, apoiou e participou dos atos.

Tragédia no Litoral Norte

Também em janeiro, Tarcísio enfrentou o seu primeiro desafio à frente do governo, com as fortes chuvas em São Sebastião, no Litoral Norte do estado. A catástrofe resultou em 65 mortes e centenas de desabrigados. Tarcísio e integrantes do governo passaram a despachar do município, onde foram coordenadas ações de mitigação de danos e recuperação, como a entrega de conjuntos de moradias populares na região.

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Reforma tributária

Em julho, Tarcísio foi vaiado e interrompido por Bolsonaro e deputados durante um evento com mandatários do PL em Brasília por defender a reforma tributária em tramitação no Congresso. Dias antes, ele havia feito um pronunciamento ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no qual afirmava ser “a favor de 95%” do texto. Bolsonaro, por outro lado, havia se posicionado contra a reforma, inclusive pedindo que parlamentares da bancada votassem contra.

Articulação política

Tarcísio teve dificuldades na formação da base aliada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o que fez com que, em alguns casos, não conseguisse reunir nem mesmo o quórum de deputados para votar matérias relativamente simples. Entre as queixas de parlamentares, estavam a resistência do Palácio dos Bandeirantes em aceitar indicações para cargos de segundo e terceiro escalão.

Pauta ideológica

Um grupo de quatro deputados “dissidentes” do PL — que hoje se classificam “independentes” — surgiu na Alesp após críticas ao governo Tarcísio. Um dos pontos de atrito foi o que classificaram como “tentativa de descolamento” de Tarcísio de pautas “ideológicas” do bolsonarismo. Um dos episódios para a discórdia foi a autorização do governo a um evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Parque da Água Branca, um equipamento estadual, no qual o grupo instalou uma cela fazendo alusão à prisão de Bolsonaro.

Privatizações

A Sabesp foi apenas a primeira da lista de privatizações que Tarcísio pretende levar adiante. O governo quer desestatizar linhas do Metrô e da CPTM e avançar em concessões como o trem que vai ligar São Paulo a Campinas e o túnel Santos-Guarujá.

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Segurança pública

Seguindo uma de suas principais bandeiras de campanha, de “tolerância zero” contra a criminalidade, Tarcísio nomeou o deputado federal Guilherme Derrite (PL-SP) como secretário de Segurança Pública e coordenou ações contra a violência e o crime organizado, entre elas um projeto mais amplo de revitalização do centro da capital paulista como forma de desarticular a Cracolândia, região em que se concentram usuários de drogas. Teve o governo marcado, no entanto, pela reação policial à morte de um PM no Guarujá, litoral paulista, que deixou dezesseis mortos e rendeu acusações de violações de direitos humanos a Tarcísio e ao comando da polícia.

Educação

O secretário estadual da Educação, Renato Feder, foi alvo de críticas ao tentar, sem sucesso, substituir livros físicos por apostilas digitais. Tarcísio também se comprometeu a enviar o projeto que trata das escolas cívico-militares, uma de suas promessas de campanha, no estado. Com a descontinuidade do programa nacional pelo governo Lula, cada estado deverá regulamentar seu modelo próprio ou optar pela desativação. A Casa Civil do governo estadual já anunciou que deve enviar o projeto ao Legislativo nos próximos meses.

Canabidiol na rede pública

Em um de seus últimos atos no ano, o governador regulamentou em dezembro a lei que prevê o fornecimento de remédios à base de cannabis medicinal pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em São Paulo. A sanção da lei, em janeiro, rendeu críticas do bolsonarismo, que tem feito oposição à tramitação da regulação do uso medicinal da maconha no Congresso. Bolsonaro, quando era presidente, ameaçou vetar projeto nesse sentido.

 

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