Sucessão de Lira: apesar de flertes, governo diz que discussão é prematura
Com ao menos quatro postulantes no páreo para a Presidência da Câmara, Padilha diz que antecipação da disputa 'nunca termina bem'
Apesar da “guerra de festas” deflagrada nesta semana em Brasília para promover possíveis candidatos à Presidência da Câmara dos Deputados, o governo Luiz Inácio Lula da Silva não quer saber de discutir oficialmente o assunto — pelo menos, não por enquanto.
Alexandre Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais, área responsável pela articulação política do Planalto, afirmou nesta sexta-feira, 12, considerar um “erro” a discussão antecipada do tema. A eleição para o novo chefe da Casa que deverá suceder Arthur Lira (PP-AL) acontece em fevereiro do ano que vem.
“A gente tem experiência suficiente de outros governos de ver que, toda vez que se antecipa uma disputa de presidência da Câmara ou do Senado, isso não termina bem”, declarou antes de palestra na Fundação FHC, em São Paulo. “A concentração tem que ser naquilo que foi importante nesse primeiro semestre, que foi aprovar a reforma tributária (…). O governo vai ter uma postura de não entrar numa disputa antecipada, como já está acontecendo”.
Padilha acrescentou que o governo já está sugerindo, inclusive, que nenhum dos partidos entre na corrida de forma prematura, embora, ponderou, existam siglas com pré-candidatos “extremamente envolvidos”. É o caso dos deputados Elmar Nascimento, do União Brasil — apoiado por Lira –, Antonio Brito (PSD-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).
“É natural que esses partidos, essas bancadas que têm nomes, que eles estejam mobilizados para isso. Esta semana teve festa. Eu vou em todas, inclusive”, brincou.
Na terça-feira, 9, Padilha esteve no evento do postulante Antonio Brito, recheado de autoridades — entre eles, os caciques Gilberto Kassab, do PSD, e Valdemar Costa Neto, do PL, além de ministros como Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa).
Já na quarta, 10, foi a vez de o ministro da articulação política de Lula prestigiar a festa de aniversário do também pré-candidato Elmar. Ele foi até alvo de uma tentativa de armistício com Lira, promovida pelo líder no governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Rompidos há meses, com direito a críticas públicas, o presidente da Câmara e Padilha chegaram a dar um tímido aperto de mão protocolar, mas ficou só nisso.
Cico de debates
Padilha participou nesta sexta-feira, 12, do Ciclo de Debates em celebração à Fundação FHC, que completa 20 anos em 2024. A temática da edição foi “O Brasil na visão das lideranças públicas”. Também participaram os cientistas políticos Sergio Fausto e Lara Mesquita, professora da FGV-EESP e pesquisadora das relações entre o Executivo e o Legislativo no Brasil.