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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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SP: os ‘fortes indícios’ contra empresas de ônibus acusadas de elo com PCC

Responsáveis pelo transporte de 700 mil pessoas por dia na capital paulista, Upbus e Transwolf seriam usadas para lavar dinheiro da facção, segundo o MP-SP

Por Valmar Hupsel Filho Atualizado em 9 Maio 2024, 12h32 - Publicado em 9 abr 2024, 12h21
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  • O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) deflagrou, na manhã desta terça-feira, 9, a Operação Fim de Linha, que apura a prática de lavagem de dinheiro para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) proveniente do tráfico de drogas, roubos e outros crimes. Os alvos foram duas das maiores empresas de ônibus que operam na cidade, Upbus e da Transwolf (TW), responsáveis pelo transporte de cerca de 700 mil passageiros por dia. Quatro pessoas foram presas e foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão.

    Entre os detidos estão o dono da Transwolf, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como “Pandora”, Robson Flares Lopes Pontes, o contador Jaelson Santos da Silva e Elio Rodrigues dos Santos, que não era alvo da operação mas foi detido por porte ilegal de arma.

    A ação, uma sequência da Operação Sharks, é comandada pelo MP-SP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com apoio da Polícia Militar, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Receita Federal. Os mandados foram expedidos em São Paulo, Barueri, Cotia, Guarujá, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Itu, Mauá, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e São José dos Campos.

    As ordens foram expedidas pela 1ª e pela 2ª Varas de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. A Justiça também já determinou o bloqueio de mais de 600 milhões de reais em patrimônio para garantir o pagamento a título de dano moral coletivo. A Upbus e da TW receberam mais de 800 milhões de reais da prefeitura de São Paulo em 2023.

    Movimentações atípicas

    A Receita Federal aponta “fortes indícios” de irregularidades fiscais supostamente cometidas pelos investigados. Com patrimônio total declarado de mais de 148 milhões de reais, eles teriam movimentado, entre 2020 e 2022, mais 732 milhões de reais em suas contas correntes. A estimativa é que serão lavrados autos de infração da ordem de 200 milhões de reaisl

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    Entre os indícios apontados pela Receita estão integralizações de capital social de empresas com valores sem origem lícita, movimentações financeiras atípicas e distribuições de lucro desordenadas e sem lastro financeiro. “Mesmo em anos em que registravam prejuízos, as empresas alvo da operação distribuíam dividendos milionários a seus sócios”, diz o órgão.

    Um dos sócios, por exemplo, teria recebido mais de 14,8 milhões de reais em dividendos entre 2015 e 2022, período em que a empresa teve um prejuízo acumulado de mais de 5 milhões de reais A distribuição de dividendos, segundo a Receita, além de “esquentar” o dinheiro ilícito, possibilitava o não pagamento de tributos pelos beneficiários, uma vez que esse tipo de rendimento é isento de Imposto de Renda.

    Já foram identificados ao menos 25 milhões de reais em compensações tributárias fraudulentas realizadas por uma das empresas. A Receita verificou ainda a realização de dezenas de operações de compra e venda de imóveis e de outros bens de luxo em uma complexa rede de holdings, empresas de participação e revendedoras de veículos de propriedade de terceiros relacionados aos contribuintes investigados.

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    “Os indícios demonstram tratar-se de uma rede de empresas interligadas por operadores principais, pessoas de confiança e ocultadores profissionais de bens, nos quais bens e valores adquiridos sem origem são ocultados das autoridades estatais”, afirmou o órgão. Entre os bens que passaram por essas empresas está, por exemplo, o helicóptero utilizado na morte de dois importantes líderes da facção criminosa e o apartamento da esposa de um traficante internacional.

    Carros de luxo

    Ainda segundo a receita Federal, uma revendedora de veículos de luxo, que é alvo das buscas da operação desta terça-feira, realizava compra e venda de carros de luxo sem registrar o real proprietário dos veículos. Os esquemas de lavagem de dinheiro, segundo o Fisco, tinham a participação de contadores que dissimulavam a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores oriundos de atividades criminosas. “As movimentações financeiras atípicas e inconsistências fiscais indicam que essas empresas também podem estar a serviço do crime organizado”, afirma o órgão.

     

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