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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Sonia Guajajara critica GSI de Lula por apoiar ato de Heleno sobre garimpo

‘Não condiz com posição do governo’, diz a ministra dos Povos Indígenas sobre manifestação do general Gonçalves Dias

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 jan 2023, 09h11 - Publicado em 25 jan 2023, 08h47

A ministra dos Povos Indígenas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Sonia Guajajara, se manifestou nesta quarta-feira, 25, a respeito do ofício em que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, endossou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ato do ex-ministro do GSI do governo Bolsonaro, Augusto Heleno, que abriu caminho para pesquisa de minério de ouro em uma área que fica a 7,8 quilômetros da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O posicionamento de Gonçalves Dias, enviado à presidente do STF, ministra Rosa Weber, em uma ação protocolada pela Rede Sustentabilidade, foi revelado por VEJA nesta terça.

Para a ministra dos Povos Indígenas, a manifestação do GSI de Lula “não condiz com a atual posição do governo que afirma atuar contra as invasões ilegais, que destroem o meio ambiente e ocasionam um genocídio, como presenciamos no Território Yanomami”. Os ianomâmis passam por uma severa crise humanitária, com casos extremos de desnutrição e malária. Estima-se que cerca de 20.000 garimpeiros tenham invadido o território.

O ato de assentimento para pesquisa mineral em uma área de 9.823 hectares (cerca de 60 vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera) no município de Iracema (RR), referendado por Dias, foi concedido por Heleno a Creusa Buss Melotto e publicado no Diário Oficial da União em 15 de dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro. O ministro-chefe do GSI é o responsável por assinar esse tipo de autorização enquanto secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, ao qual cabe analisar a prática de determinadas atividades, a exemplo de ocupação de utilização de terras ao longo da faixa de fronteira, em uma largura de 150 quilômetros – é este o caso da garimpeira beneficiada pelo ato.

Sobre o ato de assentimento em nome de Creusa Melotto, assinado por Heleno, o ministro do governo Lula afirmou ao STF que ele “permanece legítimo e merece subsistir, diante dos parâmetros normativos e técnicos manejados para sua concessão”. Dias cita uma nota técnica do GSI, de dezembro de 2022, que embasou o ato de Augusto Heleno, segundo a qual “não se evidencia impedimento legal à solicitação do interessado para o Secretário-Executivo do Conselho de Defesa Nacional assinar o ato de assentimento prévio”.

No comunicado enviado à reportagem por meio de sua assessoria de imprensa, Sonia Guajajara afirma que a área “se encontra no entorno da Terra Indígena Yanomami, zona considerada de amortecimento pela legislação ambiental vigente. Desse modo, um estudo é necessário para avaliar quais impactos geram nos povos que vivem na TIY”. Ainda conforme a ministra dos Povos Indígenas, a necessidade de avaliações sobre os impactos “ocorre porque qualquer ato administrativo que afete o território e povos indígenas carece de um processo prévio de consulta, livre e informada, conforme previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho”.

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‘Local já antropizado’

O documento assinado pelo general G. Dias, como o atual ministro é conhecido, foi protocolado em uma ação na qual a Rede Sustentabilidade, partido aliado de Lula, pede ao Supremo que suspenda autorizações para atividade garimpeira dentro ou em áreas vizinhas a terras indígenas. Para a sigla, à qual é filiado o futuro líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (AP), esse tipo de permissão tem sido dado “sem considerar qualquer impacto que essa exploração causa na população originária e tradicional que vive na região”.

O ministro do governo Lula afirma à ministra do STF que a área de pesquisa mineral vizinha à Terra Indígena Yanomami “encontra-se ambientada em local já antropizado”, em assentamentos geridos pelo Incra, e “se vê separada da TI Yanomami por outra área antropizada, a saber, o Projeto de Assentamento São José” (veja abaixo). Ele também sustenta que a Agência Nacional de Mineração, enquanto responsável pela regularidade do pedido, se manifestou favoravelmente à solicitação de pesquisa mineral. “Assim sendo, percebe-se que o Ato de Assentimento Prévio n° 285 não viola preceito fundamental, como alega o requerente”, diz Gonçalves Dias a Rosa Weber.

O ministro ressalta que o ato de Heleno “foi emitido nos estritos limites legais, observando-se os preceitos fundamentais vigentes, competindo à ANM proceder à regulação e à fiscalização das atividades relacionadas ao aproveitamento de recursos minerais no país”.

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Manifestação GSI
(//Reprodução)

Em função do ato de assentimento prévio à pesquisa de minério de ouro em área próxima à Terra Yanomami, Augusto Heleno foi denunciado pela deputada eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP) à Procuradoria-Geral da República.

Figuras importantes do PT, como a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também atacaram o ex-ministro do GSI sob Bolsonaro por causa do ato de assentimento em Iracema (RR). Em referência a uma reportagem da Folha de S. Paulo segundo a qual a garimpeira beneficiária do ato de Augusto Heleno já cumpriu pena por tráfico e foi acusada de receptação de pneus roubados, Gleisi escreveu no Twitter que o governo anterior foi o “mais marginal”.

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