Servidores ambientais ampliam greve e param em 22 estados e no DF
Categoria, que está mobilizada desde o início do ano, suspendeu atividades no Ibama, ICMBio e Serviço Florestal
Servidores ambientais federais de dezoito estados e do Distrito Federal iniciaram uma greve nesta segunda-feira, dia 1º, para reivindicar reajuste salarial e reestruturação de carreiras no Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio e Serviço Florestal Brasileiro. Eles se juntam aos funcionários de outros quatro estados que já cruzaram os braços no dia 24 de junho.
A categoria está mobilizada desde o início de janeiro, quando decidiu paralisar boa parte das atividades. Servidores do Ibama, por exemplo, suspenderam as ações de fiscalização, concentrando-se apenas em tarefas internas e burocráticas. Os funcionários rechaçaram a proposta apresentada pelo governo federal em maio, que previa aumento salarial apenas para 2025 e 2026.
A greve iniciada hoje aumenta ainda mais o impacto sobre o funcionamento dos órgãos. Segundo a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema), quase todas as atividades foram suspensas, com exceção das consideradas essenciais ou emergenciais, como prevenção e controle de incêndio, resgate e reabilitação de fauna. O setor de licenciamento ambiental funciona com contingente reduzido (10%).
Os primeiros estados a paralisar as atividades foram Paraíba, Pará, Acre e Rio Grande do Norte. Nesta segunda, também entraram em greve os servidores de Goiás, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Tocantins, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Rondônia, Roraima e Mato Grosso do Sul.
Marina Silva
No sábado, 29, servidores do Ibama e ICMBio protestaram em um evento com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em Rio Branco (AC), no auditório da Fecomércio. Os funcionários levaram faixas com pedidos de reestruturação e a frase “Marina, sua sumida”.
Impacto da paralisação
Segundo a Ascema, a área de degradação florestal da Amazônia (eliminação parcial da vegetação por atividades como queimadas, garimpo e extração de madeira) aumentou quase dezessete vezes no primeiro quadrimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado.
A área de degradação passou de 408 km², em 2023, para 7.340 km², em 2024, representando um aumento de 1.699%, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A Ascema atribui a situação ao fenômeno El Niño, mas também ao orçamento da gestão ambiental e à ausência de fiscalização durante a paralisação dos servidores.
A paralisação também afeta os processos de licenciamento ambiental — o número de autorizações emitidas pelo Ibama caiu 91% nos primeiros três meses deste ano. O setor mais afetado é o de petróleo e gás.