Sem fuga: onde está o hacker Walter Delgatti, ex-aliado de Carla Zambelli
Célebre por vazar diálogos da Lava-Jato, ele cumpre prisão preventiva no 'presídio das estrelas', onde tem boa relação com presos como o ex-jogador Robinho

Condenado no mesmo caso da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o hacker Walter Delgatti Junior — que ficou célebre por vazar diálogos de integrantes da Operação Lava-Jato — não teve a mesma possibilidade de fuga empreendida pela ex-aliada. Ele está no “presídio dos famosos”, como ficou conhecido o presídio Dr. José Augusto César Salgado, a P2, em Tremembé, no interior de São Paulo, para onde foi transferido há poucos meses.
Lá, segundo seu advogado Ariovaldo Moreira, ele está “bem na medida do possível” e tem uma “boa relação” com vários detentos que dividem a unidade prisional com ele, como o ex-jogador de futebol Robinho e o médico Roger Abdelmassih, ambos sentenciados pelo crime de estupro.
Delgatti foi condenado a oito anos e três meses de prisão (Zambelli pegou dez), mas está preso preventivamente há quase dois. Na época, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, entendeu que havia o risco de o hacker repetir o comportamento criminoso. O processo penal ainda não transitou em julgado (termo jurídico para o fim de todos os prazos de recurso), por isso nenhum dos dois réus começou a cumprir pena.
“Ele (Delgatti) está fazendo um curso de almoxarifado, lê bastante e está bem, na medida do possível. Ele tem uma boa relação com os demais detentos, com o Robinho, Fernando Sastre de Andrade Filho (condutor de um Porsche que atropelou motorista de aplicativo em São Paulo), o médico Roger Abdelmassih”, disse Moreira. A transferência do hacker foi aceita por Moraes por conta de ameaças que ele disse estar sofrendo dentro do presídio anterior.
O advogado apresentou um recurso ao próprio Supremo chamado embargos de declaração, questionando dois pontos da condenação de Delgatti. Um é a detração. “Esse tempo que foi cumprido na prisão preventiva precisa ser computado como pena cumprida”, defende o advogado. Se os ministros acolherem esse argumento, a pena de Delgatti pode ser reduzida e, se cair para menos de oito anos, ele terá direito de cumpri-la no semiaberto. Outro ponto é a dosimetria (contagem) da pena de um dos crimes pelos quais foi condenado. Enquanto esse recurso e os de Zambelli não forem julgados, o caso não transita em julgado.
Na Justiça Federal, Delgatti foi condenado na ação penal vinda da Operação Spoofing (dos diálogos da Lava-Jato) a vinte anos e um mês de prisão. Ele ainda está recorrendo, por meio de um recurso de apelação, e responde em liberdade a esse processo. Todos os incidentes envolvendo Zambelli — que saiu do país após ser condenada e agora entrou para a lista de pessoas procuradas pela Interpol — não têm qualquer influência na situação de Delgatti. Apesar de eles serem réus no mesmo processo, as sanções impostas a ela não afetam em nada a situação do hacker.