Na semana que antecede o primeiro turno das eleições municipais, nada menos que doze institutos divulgaram pesquisas de intenção de voto em São Paulo. A análise dos levantamentos de quatro deles — Paraná Pesquisas, Quaest, Datafolha e AtlasIntel — expõem resultados conflitantes, explicados em boa medida por diferenças nas metodologias, tamanhos de amostragem e taxa da margem de erro.
A pesquisa da AtlasIntel mostra Guilherme Boulos (PSOL) na liderança, tecnicamente empatado com Pablo Marçal (PRTB), com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) fora do segundo turno, enquanto os demais levantamentos apontam para um triplo empate técnico. Ainda que no mesmo patamar, o psolista também está numericamente à frente segundo o levantamento do Datafolha. Por outro lado, Nunes lidera numericamente nas pesquisas Paraná e Quaest.
Os dados dos quatro institutos de pesquisa convergem em relação à tendência de crescimento do ex-coach, tanto em intenção de voto, quanto no aumento da rejeição. Marçal é o mais rejeitado em quase todas as pesquisas, à exceção da Quaest em que José Luiz Datena (PSDB) aparece como o candidato mais rechaçado pelos eleitores paulistanos. Dentre várias diferenças que impactam mais ou menos no resultado do próximo domingo, ao menos três pontos divergentes e três pontos convergentes chamam a atenção e despertam a preocupação das campanhas.
Divergências
1 – Empate triplo: A pesquisa AtlasIntel diverge dos demais institutos quanto ao triplo empate técnico em São Paulo. Com 29,4%, Boulos aparece numericamente na frente, empatado com Marçal, que tem 25,4%, no limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De acordo com esse levantamento, Nunes com 22,9% ficaria de fora do segundo turno.
2 – Desempenho de Nunes: Nos quatros institutos de pesquisa, há três perspectivas diferentes sobre o desempenho do prefeito na última semana. Ricardo Nunes teve queda na intenção de voto, segundo o Datafolha. O candidato à reeleição oscilou negativamente, dentro da margem de erro, nos levantamentos do Paraná Pesquisas e da Quaest. Já o AtlasIntel mostrou um crescimento do emedebista para além da margem de erro. Ironicamente, é a única pesquisa analisada que o colocou fora do segundo turno.
3 – O tamanho da rejeição de Marçal: A rejeição ao candidato do PRTB varia entre 43,2%, no Paraná Pesquisas, a 53% no Datafolha. Os institutos mostram um crescimento na taxa de rejeição do candidato acima da margem de erro na última semana. Apenas no levantamento Quaest, o aumento da rejeição de Marçal ficou no limite da margem de erro. Em um cenário apertado como o desenhado para São Paulo, a rejeição pode definir quem ganha o pleito, principalmente, numa disputa de segundo turno.
Convergências
1 – Crescimento de Marçal: Os quatro institutos de pesquisa mostram uma tendência de aumento nos votos para Pablo Marçal na última semana. Paraná Pesquisas, AtlasIntel e Datafolha mostram um crescimento para além da margem de erro nos últimos sete dias. A pesquisa Quaest apresenta oscilação positiva do influenciador em um ponto percentual, dentro da margem de erro.
2 – Estagnação de Boulos: Os institutos mostram que os votos em Guilherme Boulos oscilaram positivamente, mas ficaram estagnados na última semana, se considerada a margem de erro. A Quaest diz que não houve nenhuma movimentação, enquanto Paraná Pesquisas, AtlasIntel e Datafolha mostram um aumento sútil, na casa de um ponto percentual.
3 – Queda de Datena: Descartado da disputa pelas pesquisas eleitorais, o candidato tucano teve tendência de queda em todas as pesquisas, sendo que o resultado foi além do limite da margem de erro apenas na AtlasIntel. Segundo o diretor do instituto Yuri Sanches, o eleitorado de Datena tem um perfil ideologicamente diverso e por isso o voto do apresentador é requisitado pelos adversários que clamam pelo voto útil. “A queda do Datena acaba beneficiado quase igualmente todos os candidatos, principalmente a Tabata, o Nunes e o Boulos”. Na reta final, cria-se uma disputa pelos votos dos apoiadores do apresentador entre os três candidatos que disputam a liderança.