Rui Costa pede ‘DR’ com partidos de centro que não votam com governo
Durante o programa 'Roda Viva', nesta segunda, 7, ministro de Lula disse que compor a gestão 'não é só usufruir das coisas boas'

Depois do impasse envolvendo o Imposto de Operações Financeiras, o IOF, que agora será resolvido no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, defendeu que é o momento de Luiz Inácio Lula da Silva ter uma “DR” (discutir a relação) com partidos da base que, a despeito de cargos e ministérios no governo, votam contra os interesses da atual gestão.
“Sua pergunta remete a uma necessidade de repaginar a relação, de fazer uma ‘DR’, eu diria, com os partidos. O presidente e a ministra Gleisi, sentarem e dialogarem com os partidos e com os líderes das bancadas”, disse Costa durante entrevista ao programa Roda Viva na noite desta segunda, 7. “Quando você compõe um governo, você compõe não só para usufruir das coisas boas. Você precisa estar ajustado com esse governo. Principalmente quando seus líderes de partido se sentaram com um ministro e fizeram um acordo. Não houve um discordância”, disse.
O chefe da Casa Civil respondeu a uma pergunta sobre como ficará a relação do governo com siglas como PSD, MDB e União Brasil, que, apesar de terem três ministérios cada um na Esplanada , têm emitido sinais de que podem não acompanhá-lo em 2026, quando o presidente deve tentar sua segunda reeleição. A maior parte dos parlamentares desses partidos disse “sim” na votação para derrubar os decretos do governo que aumentavam o IOF.
Depois de analisar o custo político de judicializar o episódio, Lula decidiu entrar, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), na briga que está sendo travada no STF sobre o IOF. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, suspendeu na última sexta, 4, tanto os decretos do governo quanto a decisão do Congresso sobre o assunto e determinou que os dois lados se sentem à mesa de conciliação no próximo dia 15.
Mais deputados e corrida para 2026
Na mesma entrevista, Costa também disse que é “pouco provável” que Lula sancione o aumento do número de deputados de 513 para 531. O projeto passou no Senado no último dia 25 e o presidente tem até o dia 16 para decidir se sanciona ou veta a proposta. O aumento do número de parlamentares na Câmara foi uma forma de atualizar a quantidade de cadeiras da Casa de acordo com as mudanças nos colégios eleitorais.
O texto aprovado, que foi proposto pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), aumentou o número de deputados dos estados que cresceram, mas não reduziu dos estados cujos colégios eleitorais diminuíram. Uma conta modesta aponta que cada parlamentar a mais pode custar, pelo menos, 649 mil reais por mês aos cofres públicos.
Na corrida para 2026, Costa disse que Lula deverá enfrentar “50 tons de Bolsonaro” em referência a uma direita fragmentada que tem mais de uma liderança que pretende suceder o ex-presidente, que está inelegível até 2030 e pode ser condenado criminalmente no STF no caso da tentativa do golpe de estado.