Reunião no Planalto tenta acordo sobre exploração de petróleo na Amazônia
Encontro terá os ministros Marina Silva, Rui Costa e Alexandre Silveira, e os presidentes da Petrobras, Jean Paul Prates, e do Ibama, Rodrigo Agostinho
O licenciamento ambiental da Petrobras para explorar petróleo no chamado Bloco 59, na bacia da foz do Amazonas, será o tema de uma reunião entre membros do governo nesta terça-feira, 23. Participarão do encontro o presidente da estatal, Jean Paul Prates, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A reunião não consta nas agendas oficiais dos ministros, mas está prevista para ocorrer durante a tarde na Casa Civil. Como VEJA mostrou, o projeto da Petrobras para explorar o bloco dividiu o governo. Enquanto Prates e Silveira defendiam a empreitada — que chegaram a chamar de “novo pré-sal” –, Marina se posicionou publicamente contra devido a possíveis consequências ambientais.
A Petrobras anunciou que vai recorrer da decisão do presidente do Ibama, que negou a licença ambiental à empresa na semana passada. Agostinho acompanhou um parecer de dez técnicos do órgão, que concluiu, entre outras coisas, que o Plano de Proteção à Flora elaborado pela Petrobras tem “deficiências significativas” e não reduz de forma satisfatória os impactos de um eventual vazamento de óleo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não deverá participar da reunião, sinalizou no domingo, 21, no Japão, que pode estar a caminho uma nova trombada com Marina Silva. O petista disse não ver problema quanto à exploração de petróleo em alto-mar e prometeu discutir o assunto quando chegar ao Brasil.
O episódio já provocou desgastes políticos na base aliada. O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, que é do Amapá (estado com interesse na exploração), deixou a Rede — mesmo partido de Marina. Nos bastidores, pessoas próximas ao presidente da Petrobras veem influência de Marina na decisão do Ibama e a possibilidade de uma crise maior no governo, já que ela não deve recuar.