Entre 2020 e 2023, a Polícia Federal estima que as principais facções criminosas do Brasil, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), tenham comprado cerca de 43 mil armas traficadas através da fronteira com o Paraguai.
O principal “senhor das armas” por trás deste esquema, que teria movimentado 1,2 bilhão de reais, é o argentino Diego Hernan Dirísio, que tornou-se alvo de uma megaoperação da PF deflagrada nesta terça-feira, 5.
Considerado o maior contrabandista de armas da América do Sul, Dirísio é suspeito de liderar uma operação de contrabando que trazia fuzis, pistolas e munições da Europa para revender a criminosos no Brasil.
Por meio de uma empresa registrada em Assunção, o argentino importava os armamentos da Croácia, Turquia, Republica Tcheca e Eslovênia para o Paraguai, onde os números de registro eram raspados para dificultar seu rastreamento.
Até o momento, Dirísio encontra-se foragido das autoridades brasileiras e paraguaias. A Justiça da Bahia, onde tiveram início as investigações contra o grupo contrabandista, solicitou que o nome do argentino seja incluído na lista de procurados da Interpol (polícia internacional) para que possa ser preso em outros países.
General preso
A Operação Dakovo, realizada pela PF, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, resultou na prisão de dezenove pessoas por envolvimento com tráfico de armas.
Um dos indivíduos presos é o general do ar Arturo Javier González Ocampo, que foi comandante da Força Aérea do Paraguai de 2022 até o último mês de novembro, nomeado pelo então presidente Mario Abdo Benítez. Ele foi detido em sua casa, no país vizinho.
Em novembro do ano passado, Ocampo chegou a vir ao Brasil para participar da celebração do Dia da Força Aérea Brasileira (FAB).
Dino elogia
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, elogiou a operação deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal e declarou que a ação tem “importância estratégica no combate ao crime organizado”, por fechar um canal de abastecimento de armas do PCC e do CV.
“O presidente Lula definiu como prioridade, para o Ministério da Justiça, a ação contra a logística do crime organizado. Daí o foco em portos, aeroportos e fronteiras. E o outro eixo a descapitalização: tirar dinheiro do crime organizado”, afirmou.