Apesar de convidados, Adriano Pires e Rodolfo Landim não assumirão, respectivamente, a presidência da Petrobras e a presidência do Conselho de Administração da estatal. A indicação de ambos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para a cúpula da empresa foi minada pelas relações que ambos mantêm com Carlos Suarez, empresário baiano do ramo do gás, o que configuraria conflito de interesses dentro da Petrobras.
Mas quem é o empresário? Carlos Seabra Suarez, 70 anos, entrou na vida empresarial através do setor de infraestrutura e construção. Seu sobrenome é representado pelo “S” da OAS, que fundou em 1976 ao lado de Durval Olivieri (“O”) e César Araújo Mata Pires (“A”). A empresa se expandiu internacionalmente ao longo das últimas décadas e, apesar de envolvida em denúncias de trabalho escravo e de corrupção na Operação Lava-Jato, se tornou uma das maiores empreiteiras do país.
Suarez, no entanto, se afastou da sociedade empresarial na década de 1990. Influente na política, ele expandiu os seus negócios para o gás e não escapou das investigações da Lava-Jato. Chegou a ter a conta suíça de uma de suas empresas, a Termogás Internacional, bloqueada por suspeita de usá-la para lavagem de dinheiro em propinas recebidas por ex-funcionários da Petrobras. O empresário acabou absolvido.
O milionário baiano ainda enfrenta uma denúncia do Ministério Público Federal por degradação ambiental na Ilha dos Frades, uma porção de terra paradisíaca localizada no território de Salvador.
Hoje, Suarez é dono de algumas distribuidoras de gás no Brasil. Por conta disso, atua politicamente pela aprovação de propostas que forneçam subsídios para a construção de gasodutos. Ele fez pressão no Congresso, por exemplo, para vetar o novo marco regulatório do gás, proposto em 2019 pelo ministro Paulo Guedes (Economia) e aprovado em 2021, porque tirava poder das distribuidoras de gás. Na época da privatização da Eletrobras, também conseguiu, através de suas influências, incluir a obrigação do governo de contratar termelétricas a gás.
A atuação empresarial de Suarez foi o que impediu que Pires e Landim assumissem os seus cargos na Petrobras. Segundo o que foi apresentado aos comitês internos da Petrobras, processos e acusações na Justiça indicam que Landim tem relações comerciais com o empresário baiano. Além disso, a consultoria de Pires, Companhia Brasileira de Infraestrutura (CBIE), é contratada da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), ligada a Suarez. Ambas as situações são tratadas como conflitos de interesse.