Quais são as facções do crime organizado que atuam na Amazônia
Região é cada vez mais palco de disputas entre grupos locais, PCC e Comando Vermelho e ponto de conexão com cartéis de traficantes do Peru e da Colômbia
A Amazônia normalmente ganha o noticiário por conta dos crimes ambientais cada vez mais comuns na região, como a exploração de madeira, o garimpo ilegal, a invasão de terras indígenas e o tráfico de animais. Mas é cada vez mais preocupante também a atuação das principais facções do crime organizado no Brasil, que aumentam a sua presença no Norte do país, conectando diversas atividades criminosas e estabelecendo laços com cartéis do tráfico de drogas que atuam na Colômbia e no Peru.
Além das já conhecidas Primeiro Comando da Capital (PCC), que se originou no sistema penitenciário de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), que ganhou vida nos presídios e nos morros do Rio de Janeiro, atuam na Amazônia outras facções locais importantes, que ganharam tamanho até para rivalizar com os dois grupos oriundos do Sudeste.
Um deles é a Família do Norte (FDN), que surgiu em 2007 e ganhou corpo nos presídios e na periferia de Manaus e chegou a ter confrontos abertos com as facções maiores, como em janeiro de 2017, quando o grupo foi responsável pelo massacre de 56 presos do PCC no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
Outra facção que vem ganhando espaço nos últimos anos é o CCA (Comando Classe A), que em julho de 2019 se tornou conhecida nacionalmente de forma macabra ao promover massacre semelhante: foi responsável pela morte de 62 presos supostamente ligados ao CV – dezesseis deles decapitados – no complexo penitenciário de Altamira (PA). Foi o maior massacre da história do país depois do Carandiru, em São Paulo.
Há também um outro grupo, conhecido como Os Crias, que surgiu a partir de um racha na FDN e que atua principalmente na região de Tabatinga, na tríplice fronteira com Colômbia e Peru. Também seria a facção que controla o crime na região do Vale do Javari, segundo Renato Sérgio Lima, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Foi no Vale do Javari que desapareceram o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira. Boa parte da entrada de cocaína no país se dá pelas rotas dos Rios Solimões e Javari, onde é forte a atuação desses grupos organizados.
“A região do Vale do Javari é hoje palco de fortes disputas e é controlada por uma facção local chamada Os Crias, que é uma dissidência da FDN, maior e mais conhecida. Desmatamento, garimpo e domínio de rotas do tráfico são algumas das atividades criminosas mais comuns”, afirmou o especialista em post na rede social.