PT vê Alckmin como trunfo para atrair votos para Lula no Sul
Perfil conservador do ex-tucano e suas relações políticas no centro são vantagens apontadas por aliados do ex-presidente na região

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) colocaram o pé na estrada pela primeira vez juntos na quarta-feira, 1º, rumo ao Sul do país, mais precisamente o Rio Grande do Sul, onde participaram de eventos ao lado de políticos locais, militantes e as cúpulas do PT e de partidos aliados da coligação encabeçada pelo ex-presidente, como mostra reportagem de VEJA desta semana.
Governador de São Paulo por quatro mandatos e rosto da moderação de centro na chapa lulista, Alckmin é visto por aliados de Lula como um trunfo considerável para atrair votos no Sul. “Pesquisas internas mostram um impacto muito positivo do lançamento do movimento com Alckmin no Sul e no Sudeste”, diz o deputado José Guimarães (PT-CE), coordenador responsável pela costura de palanques regionais de Lula.
Petistas do Sul esperam que o perfil conservador do ex-tucano, que sempre lhe rendeu votações expressivas no interior de São Paulo, atraia identificação de eleitores sulistas com a chapa petista. “Alckmin tem influência entre conservadores, quebrando resistências”, diz o ex-governador gaúcho e ex-ministro Tarso Genro (PT). “Ele tem força eleitoral por seu perfil, que é muito parecido com o de ex-governadores do Paraná. Isso acaba ajudando bastante”, avalia o presidente do PT paranaense, deputado estadual Arilson Chiorato.
“É possível que o eleitor de centro, sem uma candidatura competitiva, migre para Lula por conta da rejeição a Bolsonaro. São eleitores da terceira via que podem dar uma importância maior ao vice e, nesse sentido, Alckmin é um grande ganho”, diz o cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília (UnB).
Entre aliados de Lula, outro trunfo visto a partir de Alckmin são relações cultivadas há décadas pelo ex-tucano com influentes políticos locais de partidos de centro, que podem turbinar a capilaridade da candidatura do ex-presidente. No Rio Grande do Sul, a propósito, o eleitor pode acabar produzindo um voto tucano-petista. Membros do PSDB gaúcho, que articulam a campanha do atual governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) ao Palácio Piratini com o aval do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), admitem que seus eleitores combinem o voto estadual na chapa tucana com o voto para presidente em Lula.
Embora Alckmin seja um ativo importante no Sul, seu PSB e o PT de Lula ainda não se entenderam nos palanques gaúcho e catarinense. No Rio Grande do Sul, os pessebistas têm como candidato o ex-deputado Beto Albuquerque e cogitam até uma aliança com o PDT, o que abriria o palanque ao presidenciável Ciro Gomes (PDT). O PT tem como postulante ao governo o deputado estadual Edegar Pretto. A ausência de representantes do PSB nos eventos de Lula no estado gerou desconforto no ex-presidente. Os dois partidos esperam anunciar o desenlace de seus enroscos nos palanques estaduais até o próximo dia 15.