Em resposta aos ataques recentes sofridos pelo padre Júlio Lancellotti na Câmara Municipal de São Paulo, lideranças do PT foram às redes sociais para defender o religioso. Desde a última quarta-feira, 3, parlamentares da legenda manifestaram apoio a Lancellotti, que pode ser alvo de uma CPI que investiga ONGs que atuam junto a moradores de rua na capital paulista.
A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, afirmou que Lancellotti é “alguém que só ajuda e cuida dos que mais precisam” e expressou solidariedade ao sacerdote. “O que essa turma tem que quer criminalizar um padre?”, questionou em publicação no X (antigo Twitter).
https://twitter.com/gleisi/status/1742657395493310694
Além de Gleisi, outros integrantes da cúpula do partido saíram em defesa do padre. Na mesma rede, o deputado federal Lindbergh Farias criticou o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), autor do pedido de CPI, por atacar Lancellotti mas não investigar “quem financia a Cracolândia”.
https://twitter.com/lindberghfarias/status/1742888553103700407
Outros petistas que se posicionaram em apoio ao religioso foram os deputados Zeca Dirceu, Bohn Gass e Erika Kokay e os senadores Fabiano Contarato e Humberto Costa. Além dos parlamentares, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que o próprio pedido da CPI representa uma “arbitrariedade criminosa e também inconstitucional”.
https://twitter.com/pauloteixeira13/status/1742595845529247870
Investigação contra ONGs
Em dezembro, Rubinho Nunes, ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), protocolou na Câmara Municipal um pedido de investigação contra entidades filantrópicas que realizam trabalhos sociais na Cracolândia, em São Paulo. A justificativa, segundo o vereador, é apurar os interesses de ONGs que recebem recursos públicos e, supostamente, não geram avanços na situação dos moradores de rua da capital paulista.
A CPI deve ser instaurada em fevereiro, quando os vereadores retomam os trabalhos, e inicialmente mira o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e o coletivo Craco Resiste. No entanto, Nunes tem intensificado os ataques contra o padre Júlio Lancellotti, que realiza trabalhos de amparo a dependentes químicos e pessoas sem-teto na cidade — em uma live, ele chegou a chamar o sacerdote de “cafetão”.
Em resposta à ameaça de convocação, Lancellotti disse que o pedido de CPI “é um direito” da Câmara e reforçou que todas as suas ações são conduzidas em nome da Igreja Católica, não havendo filiação a nenhuma outra entidade. Nesta quinta-feira, 4, a Arquidiocese de São Paulo disse acompanhar “com perplexidade” as notícias sobre a CPI e ressaltou que o padre atua “na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua”.