‘Protesto dos amordaçados’ tem bate-boca e ameaça de briga na Câmara
Parlamentares do PT e Psol tentaram tirar bolsonaristas da Mesa Diretora da Casa, local em que realizam protesto para pressionar pela anistia

Enquanto deputados de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva obstruem desde o começo da tarde desta terça-feira, 5, os trabalhos na Câmara dos Deputados para pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em votação projeto de anistia aos presos e condenados pelo 8 de Janeiro, parlamentares de esquerda tentaram retirá-los da Mesa Diretora do plenário Ulysses Guimarães, o que se tornou um bate-boca com clima próximo de descambar para a agressão no Parlamento.
Em um dos momentos, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), grita para os deputados do PL, que estavam amordaçados em protesto, saírem da Mesa Diretora da Casa. “Golpistas, vocês têm que sair daí”, disse o petista. “Vem me tirar”, respondeu diversas vezes Ubiratan Sanderson (PL-RS), ao dizer que a manifestação é pacífica. Tarcísio Motta (PSOL-RJ) afirmou que deputados bolsonaristas “não gostam de trabalhar”. Um funcionário da Câmara aparece tentando fazer um cordão para evitar maior aproximação entre os parlamentares adversários.
O que quer a oposição
Além da Câmara, há também paralisação no Senado. Os parlamentares oposicionistas defendem que o Congresso Nacional paute os projetos que tratam da anistia aos presos e condenados pelo 8 de Janeiro e o processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Acabamos de ocupar a Mesa da Câmara dos Deputados. No Senado também senadores ocuparam a Mesa e não vamos deixar que o trabalho avance até que tenhamos respostas para nossos pleitos. Não podemos aceitar mais o Brasil da forma que está. Precisamos urgentemente da anistia”, disse o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).
O estopim para a manifestação desta terça foi a decretação de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele não pode deixar sua casa e precisa manter tornozeleira eletrônica para ser monitorado. Por decisão de Moraes, o ex-chefe do Poder Executivo federal não pode receber visitas ou dar entrevistas. Uso de celulares também foi vetado. “Neste momento estou na tribuna e o plenário não está funcionando porque estamos fazendo uma obstrução total. Estamos dando um basta, um chega”, disse o parlamentar Gustavo Gayer (PL-GO).