O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), já declarou que a reconstrução da capital gaúcha vai depender de ações conjuntas do município, estado e União. A estimativa de gastos apenas para o sistema contra cheias chega a 5 bilhões de reais. Mas desde a semana passada, outra estratégia de captação de recursos tem mobilizado a cidade: a busca por empresas ou pessoas físicas que possam assumir a reforma de equipamentos públicos afetados pelas águas. Em troca, a prefeitura promete um selo de agradecimento.
A lista do que precisa ser “adotado” está disponível em uma plataforma online abastecida diariamente pela prefeitura de Porto Alegre. Nela é possível ver o custo das obras necessárias para recuperar cada equipamento listado, como escolas, creches, postos de saúde e alguns marcos arquitetônicos e turísticos da cidade, como o Mercado Público e a Usina do Gasômetro. Um mapa interativo mostra as necessidades de acordo com a região e o tipo de estabelecimento. Na zona norte, por exemplo, são dez prédios públicos afetados.
“Um grupo empresarial já adotou a reforma de algumas escolas por 8 milhões de reais. Vamos anunciar em breve. É o gesto deles com a cidade. Depois de reformar, vão colocar o selo deles lá, que vai ficar para a história. Espero que isso aconteça com os bancos, com os fundos internacionais, empresas gaúchas e brasileiras”, disse.
Alguns dos equipamentos colocados para “adoção” foram totalmente submersos, caso das praças Brigadeiro Sampaio, 15 de Novembro e da Alfândega, todas no centro. O custo aproximado de reparação das três passa de 3 milhões de reais. Já o valor de reforma do Parque da Orla Moacyr Scliar, um dos principais pontos de lazer da capital, às margens do Guaíba, é de 7 milhões de reais. No local oferecia pistas de caminhada, recreação infantil, espaço para feiras, restaurantes e arquibancadas para apreciar o pôr do sol. Foi totalmente destruído.
Nesta quinta, 6, Melo deve se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Canoas. “Entregarei balanço preliminar dos estragos na cidade após a catástrofe histórica que atingiu o Rio Grande, com proposta concreta de apoio do governo federal para reconstruir Porto Alegre”, escreveu nas redes sociais. “Levantamento envolve recuperação de infraestrutura, recomposição de perdas de receita, investimento na retomada de escolas, habitação e olhar futuro na macrodrenagem. A prefeitura está empenhando esforços estruturais e financeiros, mas sozinha não dá conta deste enfrentamento.”
Perdas
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse nesta quarta-feira, 5, que os municípios gaúchos devem perder até 10 bilhões de reais em arrecadação de impostos em 2024 devido à calamidade climática que atinge o estado. O tucano esteve em Brasília com o presidente Lula para discutir a ajuda do governo federal ao estado. Ele defende que o governo federal recomponha as receitas.
“A gente entende que seja algo em torno de 6 bilhões de reais a 10 bilhões de reais até o final deste ano em termos de queda de arrecadação do estado e dos municípios, que precisaria ser suportado pela União, como foi na pandemia, porque é o ente que tem capacidade porque pode emitir dívida, porque tem fôlego financeiro para poder atender essas necessidades”, afirmou.
Leite também pleiteia que o governo federal retome o programa de redução de jornadas de trabalho e salários vigente durante a pandemia de Covid-19 para evitar demissões em massa no Rio Grande do Sul. Lula e sua equipe ainda não se manifestaram sobre as demandas recebidas.