PL cobra R$ 408 mil de herança de ex-sogro de Valdemar Costa Neto
Partido cobra dívida da época em que Maria Christina Mendes Caldeira vivia junto de Costa Neto, em Brasília, entre 2003 e 2004

O Partido Liberal (PL) se habilitou para receber mais de 408 mil reais no inventário do pai de Maria Christina Mendes Caldeira, que foi casada com Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do partido, entre 2003 e 2004.
O valor corresponde a bens e mobílias que teriam sido comprados com o dinheiro do partido enquanto os dois viviam juntos, em Brasília. Segundo Mendes Caldeira, foram anexadas na ação fotos de todos os objetos da casa onde o casal vivia, incluindo pertences pessoais que a socialite levou de São Paulo que apareceram com nota fiscal fria no processo. Entram na lista até chinelos, cabides e um faqueiro que ela argumenta ter ganhado do pai.
VEJA teve acesso ao documento no qual Fernando de Carvalho Albuquerque e Ana Daniela Leite e Aguiar, advogados do PL, pedem ao desembargador Luiz Antonio Costa o acesso aos autos do processo em que Maria Christina tenta receber o inventário da família para verificar “se existem bens passíveis de serem expropriados” por conta da dívida que ela teria com o partido. O pedido data de julho de 2015.
No mesmo mês, o mandado assinado pelo juiz substituto da 16ª Vara Cível de São Paulo, Fernando Cardoso Freitas, ordenou o débito de R$ 408.962,88 da herança à qual Maria Christina teria direito, além da intimação da executada.
A socialite descobriu a dívida recentemente, ao consultar quanto já havia gasto no processo judicial que move para conseguir o dinheiro do inventário de seu pai, falecido em 2009. A ação encontra-se suspensa pelo mesmo desembargador ao qual os advogados do PL enviaram o pedido de acesso aos autos.
Mendes Caldeira teve uma relação conturbada com Costa Neto no passado recente e, após o divórcio, fez várias acusações sobre corrupção praticada pelo ex-marido quando era deputado federal — ela, inclusive, prestou depoimento na CPI do Mensalão, no Congresso Nacional, em julho de 2005. Valdemar foi condenado e cassado em 2013 no processo relativo a esse escândalo, mas recebeu indulto em 2015. A ex-mulher chegou a entrar com uma ação na Corte Interamericana de Direitos Humanos pedindo a anulação do indulto do marido, que moveu mais de 30 processos judiciais contra ela. Também se mudou para Miami, onde vive até hoje, e pediu asilo político por ameaças de morte.
Depois de se afastar pelos processos de corrupção, Costa Neto voltou à presidência do PL e é um dos coordenados da campanha do presidente Jair Bolsonaro, que se filiou ao seu partido em 2021.