Partidos no ministério de Lula não somam votos para aprovar uma PEC
Esplanada do futuro governo terá integrantes de dez partidos, mas número de deputados representa apenas pouco mais da metade da Câmara
O primeiro escalão do futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva, cuja conclusão foi anunciada nesta quinta-feira, 29, terá representantes de nove partidos no total, que vão dos esquerdistas PT, PSOL e PCdoB a siglas de centro-direita como União Brasil e PSD.
Somados todos os deputados eleitos por esses partidos, no entanto, o total de votos na Câmara chega a 268 parlamentares, pouco mais da metade dos 513 que compõem a Casa. Esse número é insuficiente para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que precisa de 308 votos.
Veja os votos na Câmara de cada partido com ministério:
- Federação PT-PV-PCdoB: 80
- União Brasil: 59
- MDB: 42
- PSD: 42
- PDT: 17
- PSB: 14
- Federação PSOL-Rede: 14
Na conta do governo ainda podem entrar os quatorze votos de três partidos que estiveram na coligação de Lula desde o primeiro turno, mas não ganharam ministério: Avante (sete deputados), Solidariedade (quatro) e Pros (três).
A Executiva Nacional do Cidadania, que tem cinco deputados, também aprovou apoio ao governo Lula nesta semana, mas o partido está unido ao PSDB em uma federação, o que torna incerto o voto desses parlamentares na próxima legislatura.
Senado
Já no Senado, os partidos que comandarão ministérios formam o número exato de senadores para ter maioria: 42 dos 81 parlamentares da Casa. Se considerar o Pros, que apoiou Lula na eleição mas ficou sem ministério, o número do governo sobe para 43.
O número também é insuficiente para aprovar uma PEC no Senado, já que são necessários 49 votos para esse tipo de projeto.
Veja os votos no Senado de partidos com ministério:
- PSD: 11
- União Brasil: 10
- MDB: 10
- PT-PV-PCdoB: 9
- PSB: 1
- Federação PSOL-Rede: 1
Líderes
Lula anunciou também nesta quinta-feira, 29, os nomes dos seus líderes no Congresso. Os parlamentares indicados terão a dura missão de fazer avançar os projetos do governo no Legislativo e representar uma base que tem mais de uma dezena de partidos.
O líder na Câmara será o deputado federal José Guimarães (PT-CE). Eleito para o quinto mandato consecutivo, ele foi um dos principais articuladores da candidatura vitoriosa do PT ao governo do Ceará. Ele também é irmão do ex-presidente do PT José Genoino.
O líder no Senado será Jaques Wagner (PT-BA), que já foi duas vezes governador da Bahia, onde desbancou o carlismo e deu início a uma hegemonia petista no estado que já chegará ao terceiro governador diferente – depois dele, vieram Rui Costa (atual) e Jerônimo Rodrigues (eleito). Wagner é um antigo homem de confiança de Lula e já foi cotado mais de uma vez para ser candidato a presidente da República.
Já o líder do governo no Congresso será o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Senador de primeiro mandato, ele foi um dos responsáveis por articular a federação da Rede com o PSOL e pela entrada das duas legendas na coligação de Lula já no primeiro turno, apesar de resistências nos dois partidos. Randolfe também foi um dos senadores que mais se destacaram na CPI da Pandemia.