Para evitar tumultos, governo e bolsonarismo alternam agendas na Agrishow
Ministros estiveram na pré-abertura no domingo, enquanto Bolsonaro, Tarcísio e Caiado participam hoje da maior feira do agronegócio da América Latina
Depois do controverso conflito de agendas na edição anterior da Agrishow, os organizadores decidiram convidar os representantes do governo federal e lideranças bolsonaristas para visitar a exposição em dias separados. Considerada a maior feira do agronegócio da América Latina, o evento começou oficialmente nesta segunda-feira, 29, e vai até a próxima sexta-feira, 3, em Ribeirão Preto (SP).
Diferente do que vinha ocorrendo nos últimos anos, a Agrishow realizou uma espécie de “pré-abertura” do evento, no domingo 28, para receber os ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Participaram da cerimônia o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
Já a abertura oficial desta segunda-feira contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhado dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). O ex-mandatário e seus aliados já estavam em Ribeirão Preto na véspera, quando participaram de uma carreata com apoiadores bolsonaristas pelas ruas do município paulista.
Queda de braço em 2023
No ano anterior, a Agrishow foi marcada por um conflito de programação entre governistas e oposicionistas que resultou em uma saia-justa entre o governo federal e a organização do evento. Na ocasião, estavam previstas as presenças simultâneas de Carlos Fávaro e Jair Bolsonaro no dia da abertura — no entanto, às vésperas da cerimônia, surgiram preocupações de que as tensões entre apoiadores dos rivais ideológicos escalassem e transformassem a feira em palco de tumulto e violência.
Segundo Fávaro, com a justificativa de evitar “constrangimentos”, os organizadores do evento entraram em contato e o aconselharam a participar apenas no segundo dia — o ministro interpretou a manobra como um “desconvite” e cancelou a sua presença, causando mal-estar entre a cúpula da Agrishow e o Planalto. O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, afirmou na época que o pedido foi uma “descortesia”.
Diante do impasse, a Agrishow acabou cancelando o evento oficial de abertura e realizando uma cerimônia no dia anterior fechada para o público, recebendo apenas autoridades e a imprensa. Após a desistência de Fávaro, Bolsonaro decidiu manter sua presença na feira agrícola.