Os próximos capítulos da terceira via após a desistência de Doria
Dirigentes de PSDB, MDB e Cidadania terão que definir quem será o presidenciável da aliança
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou, em pronunciamento feito nesta segunda-feira, 23, que não será mais pré-candidato à Presidência da República, apesar de ter vencido as prévias feitas pelo partido em novembro do ano passado, em razão da resistência de boa parte dos caciques.
Sem o tucano, que não abria mão de ser o cabeça de chapa, como fica agora a chamada terceira via, o agrupamento de três partidos – PSDB, MDB e Cidadania – que tentam definir uma candidatura unificada para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL)?
O primeiro passo será dado nesta terça-feira, 24, em Brasília, quando as executivas nacionais de MDB e Cidadania irão se reunir, separadamente, para discutir quem será o nome da frente – o favoritismo agora é da senadora Simone Tebet (MDB). O PSDB também realizaria uma reunião nesta terça, mas adiou o encontro após o anúncio de Doria.
Os presidentes dos três partidos – Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania) – se reuniram na quarta-feira, 18, para analisar os dados de uma pesquisa contratada pelo grupo para avaliar quem tinha mais potencial para ser o presidenciável da aliança. Após a reunião, eles disseram que haviam chegado a um “consenso” e, embora não tivessem anunciado, o consenso é em torno de Tebet.
Agora, eles levarão essa conclusão para as suas executivas nacionais. Não é certo, no entanto, que as direções partidárias já batam o martelo na própria terça-feira, porque os presidentes haviam concordado em dar um tempo para que suas legendas discutissem as conclusões da pesquisa e avalizassem um nome.
Convenções nacionais
Independentemente do que decidirem as executivas, no entanto, o caso só será mesmo encerrado nas convenções nacionais dos partidos, que estão previstas para ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto – elas são a instância máxima de cada sigla e podem, ou não, referendar os acertos prévios feitos por seus dirigentes.
Tebet, por exemplo, terá sérias dificuldades para fazer valer o seu nome, porque uma parte importante do MDB não está com ela. Uma ala, como a representada pelo senador Renan Calheiros (AL), pelo ex-senador Eunício Oliveira (CE) e pelo governador Hélder Barbalho (PA), prefere Lula. Outra corrente, principalmente os dirigentes do Sul do país, prefere Bolsonaro. E outros defendem a candidatura de Simone, como o presidente da sigla, Baleia Rossi, e o ex-presidente Michel Temer.
A senadora terá, portanto, em tese, até as convenções para viabilizar eleitoralmente o seu nome, uma vez que nas pesquisas de intenção de voto ela não tem conseguido romper a barreira dos 2%.
Caso ela não se viabilize, não está descartado que outros nomes se imponham, como o do ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), que perdeu as prévias para Doria, mas, estimulado por caciques como Aécio Neves, continua acalentando o sonho de virar candidato à Presidência da República.
Ampliar a frente
Também há quem na terceira via ache que a frente, após a desistência de Doria, pode ganhar a adesão de partidos como o União Brasil, que se desgarrou do grupo há cerca de um mês, quando decidiu lançar o seu presidente, Luciano Bivar, como candidato ao Planalto.
Tanto no MDB quanto no União Brasil, no entanto, o problema é conciliar uma candidatura nacional com as diferentes demandas regionais.