Os prós e contras dos cotados para o STF, incluindo o advogado de Lula
Há três grandes favoritos para ocupar no Supremo a vaga do ministro Lewandowski

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu na quinta-feira, 2, que pode indicar o advogado Cristiano Zanin, que o defendeu nos processos da Lava-Jato, para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). “Hoje, se eu indicasse o Zanin, todo mundo compreenderia que ele merecia ser indicado. Tecnicamente ele cresceu de forma extraordinária. É meu amigo, companheiro, como outros são meus companheiros”, disse o petista em entrevista à BandNews.
A disputa pela vaga que será aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, que completará 75 anos em maio, tem se acirrado nas últimas semanas. Zanin vem sendo apontado em Brasília como um candidato forte. Sua eventual indicação representaria uma escolha pessoal de Lula. O advogado atuou na Lava-Jato e sustentou as teses vitoriosas na Justiça que levaram à anulação das condenações do petista. Observadores do processo de escolha do próximo ministro apontam, no entanto, que seu nome é ligado demais a Lula, e poderia soar como uma retribuição pelos serviços prestados nos últimos anos.
Outro cotado é o jurista baiano Manoel Carlos de Almeida Neto, ex-assessor do gabinete de Lewandowski no STF que tem o apoio do próprio magistrado. Aos 43 anos, Manoel Carlos é jovem — teria pela frente três décadas na Corte — e é visto como alguém que daria continuidade ao trabalho de Lewandowski, por pensar como ele nos principais temas. Detratores, contudo, afirmam que é raro um ex-assessor do tribunal se tornar ministro, sobretudo sem ter atuado em grandes bancas de advocacia. Desde 2016, Manoel Carlos é diretor jurídico da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Um terceiro nome muito citado nas bolsas de apostas é o do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, que tem o apoio do ministro Gilmar Mendes e representaria um agrado ao Congresso Nacional. Habilidoso, Dantas transita bem no mundo político, é próximo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), um aliado importante de Lula, e, de quebra, deixaria vaga uma cadeira no TCU cuja indicação cabe ao Senado — comandado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), outro apoiador do governo. Dantas, porém, ainda tem quase dois anos pela frente como presidente do TCU, e pode ser um importante aliado do governo ali.
A declaração de Lula na quinta-feira foi o aceno mais concreto, até agora, a um dos cotados para a vaga de Lewandowski. Depois dessa indicação, o presidente ainda poderá escolher mais um ministro para o STF. A atual presidente do tribunal, Rosa Weber, se aposenta até outubro, quando completará 75 anos. Há a expectativa de que Lula indique uma mulher para sucedê-la.