“Tchau, querido”, publicou o ex-deputado federal Eduardo Cunha na noite da última terça-feira, 16, poucos minutos após a cassação do mandato do deputado federal e ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR). O bordão do ex-presidente da Câmara — na versão feminina — ficou famoso à época do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Cunha, como se sabe, foi um dos principais alvos da Lava Jato, sendo condenado a 15 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A alfinetada em Deltan, no entanto, parece ter sido motivada por outros acontecimentos, mais recentes — envolvendo importantes aliados do Republicanos e a ministra do Turismo de Lula, Daniela Carneiro.
Foi Deltan Dallagnol o responsável pela notícia-crime, em fevereiro deste ano, a partir da qual o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu uma investigação contra Daniela por supostas irregularidades em sua campanha eleitoral do ano passado. Segundo divulgado pelo portal Metrópoles, a campanha da agora ministra — ela foi a deputada federal mais votada do estado — teria feito uso de gráficas registradas em endereços diferentes daqueles declarados à Receita Federal. Nos locais indicados — e que teriam recebido mais de um milhão de reais em recursos eleitorais — foram encontrados pela reportagem um coworking e um frigorífico.
Desde que voltou à política — ele chegou a concorrer a uma vaga como deputado federal por São Paulo em 2022 –, Cunha tem estreitado os laços com lideranças do Republicanos, entre eles o presidente da sigla, Marcos Pereira. É Cunha, também, quem articula para que personagens do União Brasil migrem para a legenda. Entre eles, está a ministra do Turismo de Lula.
O racha no União começou quando a atual direção passou a disputar espaço com Wagner Carneiro, ex-prefeito de Belford Roxo e marido de Daniela, que comandava o diretório do Rio de Janeiro. Conhecido como Waguinho, ele é uma das principais lideranças da Baixada Fluminense e emplacou a mulher no governo federal ao apoiar a candidatura de Lula, no ano passado, em uma região fortemente bolsonarista. Tida como uma nomeação pessoal do próprio petista, a mulher do prefeito não fatiou a pasta a seus pares e, em represália, de um dia para o outro, Waguinho perdeu a senha para acessar os recursos do fundo partidário.
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