Dois anos depois das eleições presidenciais mais polarizadas da história brasileira, o peso eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) pode ser menor do que se espera na corrida municipal de 2024. Em São Paulo, apenas 16,5% do eleitorado daria preferência a um candidato apoiado pelo petista, enquanto 12,4% favoreceriam um nome apadrinhado pelo ex-presidente, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 20.
A pesquisa indica que o fator mais decisivo para a escolha do prefeito será o projeto de governo que apresenta, de acordo com 46,7% dos entrevistados. Já 22% dos eleitores responderam que vão decidir seus candidatos na semana da eleição – até lá, as propostas e o endosso de outros candidatos parecem não ter muita influência na corrida eleitoral.
Entre os nomes que lideram a disputa à Prefeitura de São Paulo, os candidatos favorecidos por Lula e Bolsonaro já estão mais do que claros. Pela primeira vez, o PT abriu mão de uma candidatura própria na capital paulista para apoiar a plataforma do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e indicar como vice a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), de volta ao partido após quase dez anos.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), por sua vez, ainda não anunciou seu companheiro de chapa, mas já recebeu a sugestão de Ricardo Mello de Araújo, coronel aposentado da Polícia Militar e ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), como indicado pelo ex-presidente da República.
Porta giratória
No início de janeiro, o anúncio de Marta Suplicy como vice de Boulos pegou Nunes de surpresa, já que a ex-prefeita atuava há três anos como sua secretária municipal de Relações Internacionais. Na última segunda-feira, 19, o cargo dela foi preenchido por outro nome com histórico na esquerda: Aldo Rebelo (PDT), correligionário do ex-presidenciável Ciro Gomes e chefe de quatro ministérios durante os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff.
O levantamento do Instituto Paraná Pesquisas foi realizado com 1.502 eleitores em São Paulo entre os dias 14 e 19 de fevereiro, na modalidade de entrevistas pessoais. De acordo com o instituto, o grau de confiança do estudo é de 95% e a margem de erro das respostas é de 2,6 pontos percentuais para cima ou para baixo.