O descontentamento do partido de Janones com a formação do governo Lula
Avante pleiteou Ministério do Turismo, Secom ou Pesca, mas pode ficar sem nada
O Avante, partido do deputado federal André Janones, anda insatisfeito com a forma como vem sendo tratado pelo PT e pessoas mais próximas do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para a composição do próximo governo. A quatro dias da posse, a legenda, que sugeriu comandar o Ministério do Turismo, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República ou o Ministério da Pesca, está por enquanto fora do primeiro escalão.
O descontentamento tem um motivo: Janones abriu mão de disputar o pleito presidencial — ele atingia até dois pontos percentuais em algumas pesquisas eleitorais — para apoiar Lula ainda no primeiro turno. No segundo, foi um dos principais (para muitos o principal) personagens a disputar de igual para igual com o bolsonarismo nas redes sociais, onde tem 13 milhões de seguidores — inclusive depois da eleição.
Embora Janones venha dizendo reiteradamente que não tem interesse em atuar na Esplanada dos Ministérios (ele se reelegeu deputado federal), seu partido diz que tem o direito de obter um posto de destaque na próxima gestão. Internamente, dirigentes reclamam que políticos de partidos como MBD e PDT, que chegaram apenas no segundo turno e tiveram menos destaque que Janones, já foram contemplados.
O recado tem dois endereços certos: Simone Tebet e Carlos Lupi. Enquanto a primeira foi anunciada como ministra do Planejamento, Lupi deverá ficar com a Previdência.
Caso não consiga emplacar um nome até a posse, o Avante, que tem sete deputados eleitos e formou um bloco com o Patriotas (que tem mais cinco parlamentares), ameaça até deixar de apoiar o governo Lula.