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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O dado sobre a fome e a pobreza que Lula se ‘esquece’ de citar

Todas as pesquisas sobre insegurança alimentar no país indicam melhora de 2004 a 2014, com deterioração dos indicadores econômicos e sociais a partir dali

Por Da Redação
9 jul 2022, 13h13

O Brasil registrou em 2021-2022 seu pior desempenho no quesito insegurança alimentar em toda a série histórica, iniciada em 2004. Há 33,1 milhões de pessoas expostas à fome, a forma mais grave dessa chaga que envergonha o país, como mostra reportagem de VEJA da edição desta semana. Em campanha para voltar à Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dito que enfrentará a fome e a pobreza como fez em seus dois mandatos anteriores. De fato, todas as pesquisas sobre insegurança alimentar mostram que o país avançou no combate a esse mal de 2004 a 2014, nos governos petistas, embora a fome nunca tenha sido eliminada completamente. A partir de 2014, no entanto, durante o segundo governo de Dilma Rousseff (PT), vários indicadores sociais começaram a piorar em decorrência da crise econômica deflagrada ali.

A deterioração dos indicadores se acelerou entre 2018 e 2022, período que compreende os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), mas Lula se “esquece” de dizer que o processo de empobrecimento começou num governo petista, em 2014, quando a renda média dos brasileiros caiu 7% e a renda dos 10% mais pobres caiu 14%, segundo estudos da FGV Social.

Desde então, o baixo crescimento econômico tem sido um dos motivos para que a fome tenha voltado com força agora. “A renda per capita ainda está 8% abaixo de onde estava antes da recessão de 2014. Estamos andando de lado, não fizemos reformas. Depois veio a pandemia, que pegou o Brasil em um estado de pobreza e o agravou”, avalia o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central.

Além da questão econômica, o retorno da fome a patamares assustadores está relacionado a mudanças nas políticas sociais que apresentaram bons resultados no ciclo de 2004 a 2014. Embora o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família no fim do ano passado, tenha ampliado como nunca a distribuição de dinheiro às famílias mais pobres, outras iniciativas que também contribuíam para a segurança alimentar foram desidratadas nos últimos anos. As principais são o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pelo qual o governo comprava a produção dos pequenos agricultores, e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), responsável pelas refeições de crianças da rede pública, que ficou desarticulado durante a pandemia, quando as escolas estiveram fechadas e sem fornecer merenda. Para os especialistas, o PNAE deveria ter garantido a entrega de alimentos aos jovens por meio de cartões de alimentação, por exemplo.

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“A fome não é uma mazela enfrentável com um único instrumento. De 2004 a 2014, houve a junção de vários, como a valorização do salário mínimo, Bolsa Família, reconhecimento dos direitos das domésticas — que teve impacto forte na base da pirâmide social —, programa de cisternas rurais no Nordeste”, diz Renato Maluf, que coordenou o estudo sobre insegurança alimentar, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) com dados coletados em 12 745 domicílios de novembro de 2021 a abril deste ano.

Outros fatores que contribuem para o cenário atual são a pandemia e a inflação dos alimentos. Apesar de o índice oficial (IPCA) apontar que a alta dos produtos na pandemia (de abril de 2020 a maio de 2022) foi de 19,9%, um levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que os quarenta itens mais consumidos pelas famílias sofreram uma alta de 57,5%. A campeã foi a dúzia de ovos de galinha, que subiu 202%. Depois vieram açúcar (110,5%), farinha de mandioca (104,6%) e carne bovina (91,1%).

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