Empatado tecnicamente com outros dois candidatos de perfis diferentes na disputa pela prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aposta na estrutura da chamada “velha política” para se descolar de seu principal concorrente no campo da direita, Pablo Marçal (PRTB), que, por sua vez, investe no perfil de “outsider”, de candidato da antipolítica. A avaliação na campanha emedebista é que, enquanto o ex-coach terá as redes sociais como ativo, o candidato à reeleição tem a “máquina” eleitoral e a militância de boca de urna para lhe garantir uma das vagas no segundo turno.
Auxiliares de Nunes entendem que uma significativa parcela dos eleitores costuma decidir o voto na última hora. E que este eleitor tem perfil muito maleável, ou seja, está mais propenso a mudar de ideia até o momento de tocar o dedo na urna. Por isso, a aposta é que a chamada “máquina”, a militância e a estrutura de campanha formada pelo grande número de candidatos a vereador da coligação poderão atrair eleitores de última hora, o chamado “voto de contágio”.
A chapa que tem Ricardo Nunes como candidato a prefeito e coronel Mello Araújo (PL) como vice é a maior já reunida numa campanha em São Paulo. É formada ao todo por onze partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza e União Brasil). “É gente que faz campanha de rua, de olho no olho nos bairros mais populosos, há muito tempo em São Paulo”, observou um integrante da coordenação da campanha emedebista na condição de anonimato.
Foi justamente esta estrutura que serviu de munição para ataques de Marçal nos últimos debates, com mais ênfase no organizado pela Rede Globo, na noite desta quinta-feira, 3. No confronto direto, o ex-coach procurou se diferenciar e apresentando-se como um representante da antipolítica e, como contraponto, citou nominalmente políticos de longa estrada que apoiam Nunes, como o presidente da Câmara Municipal de São Paulo e cacique do União Brasil no estado, Milton Leite, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Também fez referência várias vezes aos “milhões” gastos pelo rival com o fundo eleitoral e disse que não usa dinheiro público na sua campanha.
Nunes, por sua vez, deve manter o discurso que está sintetizado no nome da coligação, de que ele representa um “Caminho Seguro para São Paulo” diante de “aventuras”. A estratégia vale tanto para os momentos finais da primeira fase quanto para um eventual segundo turno. E serve tanto para a disputa contra Marçal quanto num eventual confronto direto com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que completa a lista tríplice dos empatados tecnicamente na liderança da disputa.