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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Novos lances no longo caso de amor político entre Lula e Sarney

Petista se encontrou com cacique do MDB para obter apoio na eleição presidencial. Proximidade vem desde a eleição de Lula para presidente, em 2002

Por Da Redação
Atualizado em 13 abr 2022, 09h45 - Publicado em 13 abr 2022, 08h05

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou na segunda, 11, com caciques do MDB, em Brasília, entre eles o também ex-presidente José Sarney – que, mesmo afastado dos holofotes, mantém grande influência no partido. O objetivo de Lula é desidratar a terceira via e angariar apoios para enfrentar Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de outubro. O encontro com Sarney é mais um dos inúmeros momentos em que o emedebista do Maranhão manifestou apoio ao petista – e vice-versa –, numa aliança que vem desde a primeira eleição de Lula para presidente, em 2002, e que à época era vista como improvável e contraditória. Afinal, no passado, Sarney, como membro da Arena e depois do PDS, apoiou o mesmo governo militar que combateu as greves do ABC Paulista no final dos anos 1970 e levou à prisão o líder do movimento, o então sindicalista Lula.

A reunião desta semana não foi a primeira entre os dois com vistas à eleição deste ano. Em maio de 2021, logo depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou as condenações de Lula na Lava-Jato e o tornou novamente elegível, o petista almoçou com Sarney em Brasília e, já naquela ocasião, um ano e meio antes do pleito, discutiu com o emedebista a formação de palanques estaduais em 2022.

Em 2009, quando Sarney presidia o Senado e veio à tona uma série de atos administrativos da Casa que não tiveram publicidade e serviram para empregar parentes do então senador – escândalo conhecido como “atos secretos” –, Lula, à época presidente da República, saiu em sua defesa e criticou o “denuncismo” da imprensa. “Eu acho que essa história precisa ser melhor explicada. Eu não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil”, declarou. O pano de fundo naquele momento era a CPI da Petrobras: o PT precisava do apoio dos parlamentares do MDB.

Dois anos depois, em 2011, quando Lula foi diagnosticado com um tumor (do qual se curou), Sarney, ainda presidente do Senado, soltou uma nota institucional em solidariedade ao amigo. “Lula é um lutador, já venceu muitas batalhas e vencerá mais esta. Lula é muito necessário ao país e a todos os brasileiros”, escreveu. A filha de Sarney, Roseana, foi líder do governo Lula no Senado quando senadora e teve apoio do PT durante seus mandatos de governadora do Maranhão. Em 2018, quando Lula estava preso em Curitiba, Roseana se juntou à campanha #LulaLivre.

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A ligação de Lula com Sarney era tão grande que foi muito criticada por Flávio Dino (hoje no PSB, à época no PCdoB) em 2013, quando ele se preparava para disputar o governo do estado contra o grupo de Sarney. “Uma brutal incoerência um partido que se autodenomina dos trabalhadores ser o principal sustentáculo da última oligarquia do Brasil”, disse Dino na ocasião em entrevista ao jornal O Globo. Hoje, Dino está engajado na campanha de Lula e, claro, não tece mais esse tipo de crítica. 

Sarney também foi entusiasta do governo Dilma Rousseff por um longo período. Os desentendimentos entre o clã maranhense e o PT vieram com o impeachment da ex-presidente, em 2016. Mas Lula tem feito questão de dizer aos emedebistas que essa divergência já está superada.

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