O Ministério Público de São Paulo abriu inquérito civil para investigar a decisão do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) de fornecer apenas livros digitais nas escolas do estado. A gestão estadual decidiu não aderir ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que usaria recursos do Ministério da Educação para a compra do material para alunos do 6º ao 9º ano.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o governo Tarcísio abriu mão de 120 milhões de reais que seriam destinados à compra de livros impressos e pretende usar apenas material digital. É a primeira vez que o estado fica de fora do programa.
A promotora Fernanda Peixoto Cassiano considerou que não houve debate prévio com as comunidades escolares antes da decisão, tampouco consulta ao Conselho Estadual de Educação. Ela afirmou ainda que a adoção de material didático exclusivamente digital dificulta o acesso de alunos sem suporte de equipamentos tecnológicos nas escolas e no ambiente doméstico, “colocando igualmente em risco o cumprimento da obrigação constitucional e legal do Estado de fornecer material didático”.
O Ministério Público deu dez dias para que o governo explique a decisão, forneça documentos que embasaram a escolha em não aderir ao PNLD, além de informar os custos para a produção do novo material. A promotora também determinou que a administração estadual informe se a produção dos livros digitais observa as diversas modalidades de ensino e peculiaridades regionais, como a educação no campo, em comunidades indígenas e quilombolas.
“Informe se há, por parte desta Secretaria [de Educação], possibilidade de reconsideração da decisão noticiada, ao menos para aprofundamento do debate, valorização dos princípios de transparência e gestão democrática e adoção de novas decisões administrativas em ambiente de maior participação e amadurecimento das comunidades escolares e da sociedade paulista”, diz o documento assinado por Cassiano.