Movimento armamentista elege mais de 50 vereadores e prefeitos pelo país
Mato Grosso do Sul foi o estado com o maior número de políticos eleitos afinados com a pauta
O Proarmas, principal movimento armamentista do Brasil, apoiou 211 candidatos nas eleições municipais de 2024. Desse total, 57 foram eleitos no último domingo, 6. O levantamento foi feito pelo Instituto Fogo Cruzado com base nas candidaturas divulgadas pelo grupo.
Dos quarenta candidatos a prefeito que apoiavam a pauta, onze foram eleitos. Para as Câmaras Municipais, havia 170 nomes, dos quais 46 conquistaram mandatos a partir de 2025. O Mato Grosso do Sul foi o estado com o maior número de políticos armamentistas eleitos, com dezesseis representantes, seguido por Minas Gerais, com oito, e São Paulo, com nove.
A maioria dos postulantes apoiados pelo Proarmas é oriunda de cidades do interior. Nas capitais, o grupo respaldou as candidaturas dos bolsonaristas Alexandre Ramagem (PL) e Gilson Machado (PL) às prefeituras do Rio de Janeiro e Recife, respectivamente — ambos foram derrotados já no primeiro turno.
Em 2022, pelo menos 23 candidatos apoiados pelo movimento foram eleitos para o Congresso, formando a “bancada dos CACs” no Congresso, em referência à sigla para caçadores, atiradores e colecionadores.
O Proarmas foi fundado pelo deputado federal Marcos Pollon (PL), que chegou à Câmara em 2022 como o mais votado de Mato Grosso do Sul. Nas redes sociais, o parlamentar divulgou vídeos de apoio aos vereadores que levantam a pauta armamentista.
Ele chegou a dizer que seria pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande em 2024, mas a direção nacional do PL optou por uma aliança com Beto Pereira (PSDB), candidato do governador Eduardo Riedel (PSDB). A decisão enfureceu Pollon, que publicou um vídeo em que diz que jamais apoiaria um tucano e que seria candidato. O arroubo teve reação imediata: ele foi afastado da direção estadual do partido por Valdemar Costa Neto, cacique do PL.
A relação do Proarmas com o bolsonarismo é clara. Durante a gestão do ex-presidente, o número de armas nas mãos de civis explodiu. As mudanças nas regras possibilitaram a quem tem registro de atirador comprar até sessenta armas, sendo trinta de uso restrito, como fuzis (antes, os limites eram de dezesseis e oito, respectivamente). Os decretos foram derrubados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reduziu novamente o número de armas permitidos para civis e impôs limites para o funcionamento de clubes de tiro.