Moraes alerta contra novo ‘populismo digital extremista’ nas redes sociais
Ministro do STF, que é presidente do TSE, defende regulação e diz que usuários de aplicativos estão 'suscetíveis à demagogia e à manipulação política’
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira, 8, durante o ato Democracia Inabalada, no Congresso Nacional, que as redes sociais viraram campo fértil para o populismo extremista e defendeu que haja regulação.
“A ausência de regulamentação, a inexistente responsabilização das plataformas, somadas à falta de transparência na utilização de inteligência artificial e dos algoritmos, tornaram os usuários suscetíveis à demagogia e à manipulação política, possibilitando a existência desse novo populismo digital extremista e de seus aspirantes a ditadores”, disse Moraes, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
E comparou os extremistas nas redes sociais brasileiras a outros movimentos autoritários da história. “Esse populismo digital extremista evoluiu para a utilização dos mesmos métodos utilizados pelos regimes nazista e fascista do início do século XX”, afirmou.
Para ele, o país não pode mais adiar a discussão sobre a regulamentação das redes. “Por mais de uma década, essa instrumentalização foi usada por extremistas digitais ligados a agentes políticos sem que os democratas percebessem o potencial destrutivo dessas práticas”, disse. “Não há razoabilidade em se manter o que eu sempre repito: as redes sociais, as big techs, a internet como terra de ninguém”, completou.
Lula foi na mesma direção
Logo depois de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso onde defendeu uma tese parecida. Nossa democracia estará sob constante ameaça enquanto não formos firmes na regulação das redes sociais”, disse. E completou: “As mentiras, a desinformação e o discurso de ódio foram combustíveis para o 8 de Janeiro”, disse (leia matéria completa aqui).
Também nesta segunda-feira, Lula teve um artigo publicado pelo jornal americano The Washington Post no qual defendia a regulação das redes sociais, não só no Brasil, mas no mundo. E citou o episódio da invasão do Capitólio, a sede do Congresso dos EUA, em janeiro de 2021, por apoiadores de Donald Trump inconformados com a derrota para Joe Biden, que também foi influenciado pelas redes sociais (leia matéria completa aqui).