O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou no domingo, 21, no Japão, onde participou do G7, a conferência de cúpula dos países mais influentes do mundo, que pode estar a caminho uma nova trombada com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
O motivo é a rejeição pelo Ibama – autarquia vinculada à pasta de Marina – da concessão de licença ambiental para a Petrobras explorar petróleo na chamada Margem Equatorial, uma área que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá e que inclui a região da foz do Rio Amazonas.
A licença foi negada pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, com base em parecer técnico do órgão, que alegou que a Petrobras não apresentou estudos suficientes para afastar o risco de um acidente ambiental em uma região sensível da Amazônia.
O episódio já provocou desgastes. O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso e que é do Amapá (estado com interesse na exploração), deixou a Rede — mesmo partido de Marina. Na sexta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que estava ocupando o cargo de presidente em exercício por causa da viagem de Lula, recebeu, em agendas separadas, Marina e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é a favor da exploração de petróleo na região — assim como Jean Paul Prates, presidente da Petrobras.
No Japão, Lula disse que não vê problema quanto à exploração de petróleo em alto-mar e prometeu discutir o assunto quando chegar ao Brasil. “Se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros de distância da Amazônia”, afirmou em conversa com jornalistas.
E ressaltou a necessidade de haver exploração econômica na região. “Na Amazônia moram 28 milhões de pessoas. E essas pessoas têm o direito de trabalhar, comer. Por isso, precisamos ter o direito de explorar a diversidade da Amazônia, para gerar empregos limpos, para que a Amazônia e a humanidade possam sobreviver”, disse.
Marina pediu demissão do governo Lula em 2008, quando também era ministra do Meio Ambiente, após diversas trombadas com ministros como Dilma Rousseff (Casa Civil) e Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que era coordenador do Plano Amazônia Sustentável. Na época, Marina se opunha a projetos tocados pelo governo, como a construção das usinas hidrelétricas de Belo Monte, no Rio Xingu (Pará), Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira (Rondônia). “Eu perco o pescoço, mas não perco o juízo”, disse Marina antes de pedir demissão. Logo depois, ela deixou também o PT, partido ao qual estava filiada desde 1985.
No último sábado, 20, Marina preferiu destacar em suas redes sociais outra fala de Lula no Japão, na qual o presidente dizia que o Brasil, até o final de seu governo, seria um “exportador de sustentabilidade”.
https://twitter.com/MarinaSilva/status/1660087906927620096?s=20