A quase três meses das eleições presidenciais, a disputa pela “paternidade” da transposição do Rio São Francisco volta a ser tema dos discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em tom de campanha, o petista publicou um vídeo nas redes sociais nesta sexta-feira (17), em que reafirma que seu governo e o de Dilma Rousseff são responsáveis por 88% das obras do projeto, com extensão de 477 quilômetros.
“Precisou que um nordestino fosse eleito presidente e soubesse o preço de perspectiva de futuro e esperança que a seca impunha para a população do Nordeste”, diz Dilma em um trecho da peça. As obras da transposição, de fato, tiveram início no governo Lula, em 2007. Outras partes foram executadas durante a gestão de Dilma e a de Michel Temer (MDB). Um novo trecho foi inaugurado por Bolsonaro em fevereiro deste ano, o que marcou a etapa final do projeto.
O PT argumenta que, quando Bolsonaro assumiu o governo, em 2019, a transposição já estava praticamente pronta. O partido afirma que a equipe do presidente só pagou 3% dos valores das obras. O governo federal, no entanto, diz que investiu 23,94% de tudo o que foi desembolsado na transposição desde 2008. Apesar de Lula e Dilma terem sido responsáveis pela maior parte das obras, o cronograma do projeto sofreu diversos atrasos ao longo dos anos. A conclusão do Eixo Norte, que estava prevista para 2012, teve trechos inaugurados por Bolsonaro, que também ampliou a extensão do projeto. O orçamento inicial para a obra era de 5 bilhões de reais, mas foram gastos cerca de 12 bilhões de reais para conclusão.
A disputa política em torno das águas do Velho Chico deve continuar sendo motivo de embate entre os presidenciáveis em função de seu potencial eleitoral no Nordeste. A reivindicação da paternidade do projeto é de grande interesse de Bolsonaro, já que Lula tem maior vantagem em intenções de voto na região. Segundo o Datafolha, o petista é o candidato preferido de 71% dos nordestinos.